I. ONDE ESTÃO OS
MORTOS
A Bíblia não tem muito a dizer sobre
o estado intermediário. Sua ênfase recai sobre a volta de Cristo.
Esta questão preocupa praticamente
todas as religiões que já surgiram no mundo desde os mais remotos tempos do
aparecimento do homem sobre a Terra. Como exemplo podemos citar:
Escritores gregos clássicos viam a
morte como um sono. Homero, em sua obra A Ilídia, chama o sono de “irmão da
morte” – diziam que os mortos iam para as “Ilhas dos Bem-Aventurados”, onde
ficavam aguardando o julgamento por três representantes do mundo subterrâneo.
Se o morto tivesse sido bom durante sua vida, e os juízes estabelecessem sua
retidão, ele podia entrar nos Campos Elíseos (um tipo de paraíso), um lugar
ocupado pelos heróis e pelos homens virtuosos, segundo a mitologia
Greco-latina. Ali os mortos estariam em uma Terra de música e luz, de ar doce e
agradável. As almas boas viveriam ali para sempre.
[....] Nos tempos do Antigo
Testamento, Paraíso e Hades ficavam numa mesma região. E eram separados por um
abismo intransponível (Lc 16.19-31). Ao morrer, o Senhor Jesus desceu em
espírito a essa região e transportou de lá os salvos para o terceiro Céu (cf.
Mt 16.18, Lc 23.43, Ef 4.8,9; 2 Co 12.1-4). Quanto aos ímpios, permanecem no
Hades (uma espécie de antessala do Inferno), o qual não deixa de ser “um
inferno”, um lugar de tormentos para a alma (Lc 16.23). Conquanto, em algumas
passagens da Bíblia, o vocábulo grego “hades” tenha sido traduzido para
“inferno”, o Hades e o Inferno final não são o mesmo lugar. O Inferno final é
chamado de Lago de Fogo (Ap 20.14,15 [gr. “limnem ton puros”]); de “fogo
eterno” (Mt 25.41 [gr. “pur to aiõnion”]); de “tormento eterno” (Mt 25.46 [gr.
“kolasin aiõnion”]); e de Geena (Mt 5.22; 10.28; Lc12.5). [Ciro Sanches Zibordi
http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/108/o-que-a-biblia-diz-sobre-os-finados.html
- Acesso dia 20/07/2015].
II. O ESTADO DOS JUSTOS
FALECIDOS
Na morte, a vida corpórea cessa e o
corpo começa a desintegrar-se, o que é inerente à sua natureza. Daí o espírito
ou a alma humana entra em estado consciente de existência. É a natureza desse
estado, particularmente com respeito aos justos, que agora temos de estudar.
Apesar de já se encontrarem na
presença de Deus, os salvos mortos em Cristo ainda não estão desfrutando do
gozo pleno preparado para eles. Isso só acontecerá depois da ressurreição (1ª
Co 15.51). Seu estado agora é similar ao daqueles mártires que morrerão na Grande
Tribulação (Ap 6.9-11). Esta passagem e a de Lucas 16.25 indicam que, no
Paraíso, os salvos são consolados, repousam, estão conscientes e se lembram do
que aconteceu na Terra (Ap 14.13). Contudo, após o Arrebatamento, estarão — no
sentido pleno — “sempre com o Senhor” (1ª Ts 4.17).
1. Os justos estão com Deus. A declaração
em Eclesiastes 12.7, de que o espírito volta a Deus que o deu, acha-se repetida
em passagens do Novo Testamento. Em Filipenses 1.23 Paulo falou de partir e
estar com Cristo. Referia-se ao dilema que tinha quanto ao morrer ou continuar
vivo. Reconhecia que, continuar nesta vida significava muito sofrimento, mas o
terminar desta vida significava uma partida imediata para a presença de Cristo.
2. Os justos estão no paraíso.
Conforme Apocalipse 2.7, àquele que
vencer, Cristo lhe concederá o privilégio de comer “...da árvore da vida, que
está no meio do paraíso de Deus”. Ainda que não seja usado o termo “paraíso” em
Apocalipse 22.1,2, é provável que a ideia seja a mesma. Nessa passagem, a
“arvore da vida” aparece ao lado do rio da água da vida, e o quadro total é o
de um paraíso ou jardim de bem-aventurança.
3. Os justos estão vivos e
conscientes. Os justos desincorporados estão vivos e conscientes. Ainda que o
Novo Testamento ensine que há um estado desincorporado durante o intervalo
entre a morte e a ressurreição, em parte alguma ele deixa transparecer a idéia
de que esse estado seja de animação suspensa ou de inconsciência. Várias
passagens nos ajudam a compreender melhor.
O texto de Lucas 16.19-31. O rico e
Lázaro fica comprovado que o rico estava sendo atormentado em
chama de fogo, isso não é uma parábola, pois em parábola não se cita
nome de pessoas, como o Senhor Jesus citou aqui, o Senhor pronunciou o nome de
Lázaro, o desprezo de Deus é terrível no inferno, que nem o nome do rico foi
mencionado por Jesus. Em Mateus 22.32 Jesus declarou aos saduceus que Deus é
Deus dos vivos. Sua declaração foi feita em referência às palavras dirigidas a
Moisés na ocasião da sarça ardente: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque
e o Deus de Jacó”. Jesus interpretou essa declaração como significando que Deus
estava dizendo: “Abraão, Isaque e Jacó morreram há muito tempo, porém eles
continuam vivos”.
4. Os justos estão em descanso.
Esta declaração se baseia nas
palavras de Apocalipse 14.13: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as
suas obras os acompanham”. A idéia principal do termo “descanso” é de
refrigério depois do labor. Os que morrem no Senhor são descritos como estando
num estado de bem-aventurança, porque entram numa experiência de regozijo, como
sendo aliviados então das lutas desta vida. Mais do que isto, sua obra não pára
quando eles morrem. Ela continua produzindo efeitos até aquele dia quando serão
abertos os livros (Ap 20.12).
Em 1ª Tessalonicenses 3.13 está
escrito: “que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai,
na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. Isso
significa que os santos, de todas as épocas, que estão com o Senhor, no Paraíso,
virão com Ele, no Arrebatamento da Igreja. Como assim? O espírito e a alma (ou
espírito + alma) deles se juntarão aos seus corpos, na Terra, para a
ressurreição, num abrir e fechar de olhos (1ª Co 15.50-52). Consolemo-nos com
essas palavras (1ª Ts 4.18). Aleluia! “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
III. O ESTADO DOS ÍMPIOS
FALECIDOS
As passagens do Novo Testamento que
tratam dos maus ou injustos no estado desincorporados, são menos numerosas do
que as que se referem aos justos. Porém, as poucas que se relacionam com este
tópico, conduzem a várias conclusões:
Lucas 16.23 - Ímpios falecidos:
a) Estão num lugar fixo.
b) Continuam vivos e conscientes.
c) Estão separados de Deus.
2ª Pedro 2.9 - Ímpios falecidos estão
reservados para o castigo eterno. Portanto, o que estão ensinando sobre os
mortos (justos ou ímpios) se encontrarem na sepultura, em sono profundo e em
estado de inconsciência, não tem apoio nas Escrituras.
IV. O CÉU E O INFERNO
O destino final da Igreja é sua
habitação na eterna presença de Deus. A Bíblia e a doutrina cristã chamam isto
de “céu”.
1. Como é o céu?
Quando as pessoas perguntam qual a
crença do cristão sobre o Céu, não é possível dar uma resposta precisa e
detalhada. As razões são óbvias. Como seria possível explicar a um índio que
vive na selva, como é a cidade grande? Todavia, tanto os selvagens como o
citadino vivem no planeta Terra, respiram o mesmo ar e gozam do mesmo sol. Mas
o Céu, como quer que ele seja, deve ser fundamentalmente diverso. Sua definição
deve estar quase além do entendimento humano.
“Conheço um homem em
Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei;
Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu” (2ª Co 12.2).
“Conheço um homem”,
ou seja, um cristão – Obviamente, o próprio Paulo, mas ele fala com reservas
para evitar gloriar a si mesmo ao invés do Senhor que concedia tal privilégio.
está se referindo a si mesmo. Podemos lembrar aqui a experiência de João na Ilha
de Patmos “fui arrebatado em espírito (...) e fiquei como morto” (Ap 1.10, 17)
“Se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe...”.
Provavelmente ele foi arrebatado em espírito assim como o apóstolo João. Mas o
apóstolo não sabia se sua alma estava no corpo, ou se um ou ambos
estavam realmente no céu, seria vã curiosidade para nós, para tentar a sua
determinação.
“...foi
arrebatado ao terceiro céu”. Paulo identifica três ceu. O primeiro céu é o
espaço azul que avistamos aqui da Terra. O segundo céu onde está o firmamento
(sol, lua e estrelas). Mas o terceiro céu o mais alto, onde está a presença do
Eterno Criador.
Em Apocalipse está escrito “...Deus
habitará com eles (homens)...” (Ap 21.3). O ponto alto da história bíblica da
redenção de Deus é “a Cidade Santa”, Deus com seu povo. Em tal comunidade,
“...Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” e não haverá nem prato, nem
luto, nem dor, “porque as primeiras cousas passaram” (Ap 21.4). Quanto a isto é
importante saber que:
A. O Céu é um lugar real, literal. Este mundo é
apenas a ante-sala do próximo. Esta existência é breve e incidental em relação
às alturas eternas da próxima. O coração, em seu anseio por algo melhor, apóia
a conclusão que deve haver um lugar para nós, após a morte física. Lendo João
14.2,3 vemos que por duas vezes Jesus chama o Céu de LUGAR. Realmente o Céu é
um lugar real, literal, físico. É um lugar na presença de Deus, um lugar que
Cristo nos está preparando.
B. O Ceu é um lugar espaçoso (Ap 7.9). Se Jesus criou o
mundo em seis dias, como os animais, o firmamento e os seres humanos - toda a
Sua criação é realmente maravilha e ultrapassa a todo entendimento - qual não
deve ser o lugar que Ele vem preparando durante esses anos todos? Os capítulos
21 e 22 do livro de Apocalipse fala das belezas desse lugar.
C. O Céu fica em cima (At 1.9; 2º Rs
2.11; 2ª Co 12.2,4; Ap 21.3,4; 22.3-5). Sim, o Céu reserva
maravilhosas perspetivas para aqueles que foram levados no precioso sangue de
Cristo; e, verdade é que, onde quer que esteja o Céu está vinculado às bênçãos
de Deus, em Seu Filho, Jesus Cristo.
2. A realidade do
inferno.
No Novo Testamento, há três palavras
diferentes, no grego, que são traduzidas pela mesma palavra INFERNO em
português, são elas: HADES, GEENA e TÁRTARO.
- HADES é o SHEOL do Antigo
Testamento. É o lugar onde os espíritos dos mortos aguardam a ressurreição.
- GEENA por outro lado, refere-se ao
inferno em relação ao castigo eterno. É o lugar para onde irão os injustos após
o julgamento do Grande Trono Branco.
- TÁRTARO é usado para referir-se à
prisão dos anjos caídos (Jd v. 6).
Quanto ao inferno:
- É antítese (oposição entre palavras
ou idéias) do céu (Mt 11.23).
- Cristo prometeu fazer a Sua Igreja
triunfar sobre o inferno (Mt 16.18).
- No inferno há vida consciente e
sofrimento eterno (Lc 16.23).
- Deus tem poder de matar o corpo e
lançar a alma no inferno (Mt 10.28).
- A indisciplina dos nossos membros
pode ser causa de condenação do corpo ao inferno (Mt 5.29).
- Não há escape do inferno para o
impenitente (Mt 23.33).
- O inferno será um lugar de
sofrimento eterno e de eterna separação do Salvador (Mt 13.42,49,50; 25.41).
3. Onde está
localizado o inferno?
O inferno é uma caverna escura e de
cor preta devido a fumaça do fogo que não tem janelas para sair (Pv 15.24),
está localizado no interior da Terra.
O fogo do inferno é um fogo muito
escuro que queima sem alumiar, um fogo sem luz (Pv 9.18; Sl 9.17; S. Mt
13.42-43).
O inferno é também um lugar de
sujeira, tipo depósito de lixo, onde vermes e bichos e fezes estarão lá para
atormentar as almas perdidas (Sl 75.8 e Mc 9.45-46).
É um lugar de sofrimento, de sujeira,
de angústia, remorso, de gritos e lamentos, é o suplício eterno.
O Senhor depois que morreu desceu as
partes mais baixas da Terra, cumprindo
assim as profecias do AT (Salmo 16.10 e 49.15) e pregou para os
espíritos em prisão no inferno (1ª Pd 3.19-20). O Senhor Jesus levou aquelas
almas perdidas, uma mensagem de advertência, condenando a rebeldia e o pecado
como ouviram as últimas palavras de Noé.
Mas, o mesmo apóstolo Pedro nos diz
em sua carta, 2ª Pd 2.4, que Deus não perdoou os anjos caídos, quando o Senhor
desceu até ao inferno esses anjos também tiveram de ouvir da vitória de Cristo
sobre Satanás.
Os “anjos que
pecaram” (2ª Pe 2.4), são os anjos maus que pecaram antes da queda da humanidade,
em Gênesis 3. De qualquer maneira, o ponto é que, se Deus julgou anjos maus,
certamente Ele irá julgar os ímpios também.
Quando o Senhor ressuscitou na manhã
do terceiro dia, Ele trouxe de lá de baixo das profundezas da terra duas
coisas:
Ele transportou as almas dos salvos
para o paraíso celestial (Ef 4.8-10; 2ª Co 12.1-4), ou seja, houve uma mudança no mundo dos espíritos e que o lugar
ocupado pelos justos que aguardam a ressurreição foi traslado para as regiões
celestiais.
Pr. Elias Ribas
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