quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Igrejas cristãs armênias são entregues a mulçumanos

Com o cessar-fogo do conflito Armênia x Azerbaijão, a região de Nagorno-Karabakh ficou sob o controle da maioria muçulmana do Azerbaijão. O principal alvo são as igrejas cristãs

Fonte: Portas Abertas 


Foi um dia terrível para o líder religioso Hovhannes, quando soube que o complexo do mosteiro armênio medieval Dadivank em Nagorno-Karabakh ficaria agora sob o controle da maioria muçulmana do Azerbaijão. A região de Qarvachar, onde o mosteiro está localizado, precisaria ser desocupada dos armênios em poucos dias.

Nagorno-Karabakh é uma pequena área montanhosa e sem litoral no sul do Cáucaso, situada entre a Armênia e o Azerbaijão, fazendo fronteira com o Irã ao sul. Após a dissolução da União Soviética, Nagorno-Karabakh com uma população de maioria armênia permaneceu um território disputado entre os dois países pós-soviéticos. A guerra de dois anos foi interrompida em 1994 com um cessar-fogo indefinido e Nagorno-Karabakh ficou sob o controle da etnia armênia. A nova fase da guerra durou 44 dias, terminando em novembro deste ano. Grandes partes de Nagorno-Karabakh passaram para o controle do Azerbaijão e forças de paz russas foram colocadas na região por cinco anos.

O conflito militar terminou com a queda de Shushi, uma cidade dominada pela Catedral do Santo Salvador do século 19.

Quando o exército do Azerbaijão entrou na cidade após o cessar-fogo assinado na noite de 9 de novembro, a catedral foi um de seus primeiros alvos: as paredes internas e externas foram imediatamente vandalizadas por pichações. A catedral já havia sido fortemente bombardeada e danificada pelo Exército do Azerbaijão, que entre seus militantes contava com milhares de mercenários jihadistas sírios.

A Igreja de São João Batista do início do século 19 em Shushi viu suas cúpulas destruídas durante a guerra, enquanto a Igreja de Santa Maria construída e consagrada mais recentemente na cidade de Mekhakavan foi bombardeada e quase completamente demolida.

Os armênios da região temem que sua herança cristã ancestral esteja agora ameaçada sob o controle do Azerbaijão. A herança cristã em Nagorno-Karabakh consiste em igrejas, mosteiros, capelas, pedras cruzadas, afrescos e escritos religiosos gravados que datam dos primeiros estágios do cristianismo. O Departamento do patrimônio religioso e cultural armênio de Nagorno-Karabakh, na sede da Igreja Apostólica Armênia, estima que mais de 100 peças dessa herança estão agora sendo transferidas sob o controle do Azerbaijão.

“Há cem anos, os dois terços da população de Nakhichevan eram armênios. Hoje não há armênios lá e todo o patrimônio cultural e cristão armênio é quase inexistente. Milhares de pedras cruzadas antigas - grandes pedras retangulares com cruzes esculpidas - e centenas de igrejas foram sistematicamente sujeitas a vandalismo e destruídas. É por isso que os cristãos armênios têm pouca esperança de preservação de sua herança”, disse o porta-voz da Portas Abertas na região, Rene Levonian.

E enquanto outros armênios carregam seus pertences em caminhões e desocupam seus vilarejos e cidades, aumenta a dor dizer um adeus definitivo às suas igrejas que são parte de sua identidade, temendo o que acontecerá com elas.

Violência a cristãos no Azerbaijão

O país tem um histórico de perseguição a cristãos bem violento. Nenhuma atividade religiosa - igreja doméstica, encontros evangelísticos ou distribuição de material religioso - pode acontecer sem permissão do governo. A opressão islâmica também é severa a cristãos convertidos do islamismo, que são expulsos de suas famílias e comunidades e podem ser presos, torturados e perderem todos seus direitos civis. 

O filho de um casal cristão no Sudoeste de Baku distribuiu literatura cristã na escola. Isso foi reportado para as autoridades e levou a uma invasão na casa da família e apreensão de literatura cristã. Um pastor também teve sua casa invadida e literatura cristã apreendida. Os líderes cristãos são constantemente presos, interrogados e multados por realizarem cultos e eventos de adoração a Deus. 

Ore por eles

Ore pelos cristãos que vivem no Azerbaijão. Que eles permaneçam firmes, apesar da perseguição e das constantes ameaças de prisão e multas. 

Clame a Deus pelos cristãos armênios. Que a herança cristã seja preservada no país, que os cristãos sejam consolados e que perseverem em sua fé em Jesus Cristo.

Ore pelos perseguidores jihadistas que perseguem aos cristãos nessa região. Eles necessitam do amor e da misericórdia de Deus em suas vidas. 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Agressores de igreja vão a julgamento no Sudão

Pela primeira vez na história do Sudão, indivíduos estão sendo julgados por atacar uma igreja


Fonte: Portas Abertas 

                                         Igreja cristã nas montanhas Nuba, no Sudão, em constantes ameaças de ataques
                                      Crédito: Portas Abertas
Na semana passada, nove réus compareceram ao Tribunal Criminal de Dar-Alsalam por seu suposto envolvimento em uma série de ataques incendiários contra um prédio de igreja pertencente à Igreja de Cristo sudanesa em Jabarona, uma grande favela nos arredores de Cartum.

Um total de quatorze pessoas são acusadas de envolvimento nos ataques, mas um está sendo julgado em um tribunal separado para menores de idade, enquanto outros quatro suspeitos ainda não foram identificados.

Eles são acusados de tentar incendiar as igrejas por 5 vezes em meses alternados. Após o ataque mais recente, em agosto deste ano, enviaram uma carta à autarquia de Ombada, exigindo a limpeza da praça onde se encontra a igreja. Se isso não fosse feito em três meses, disseram os redatores, eles entrariam em ação.

Em março, uma comissão foi nomeada pelo Ministro de Assuntos Religiosos, Nasr al-Din Mufreh, para investigar os ataques. O governo interino do Sudão, instituído após a destituição do ex-presidente Omar al-Bashir em abril de 2019, mostrou a intenção de abordar as violações da liberdade religiosa do regime anterior. Em setembro deste ano, anunciou que planejava remover o islamismo como religião oficial.

Em novembro, um tribunal sudanês absolveu oito líderes religiosos de acusações de ocupação ilegal dos prédios de suas igrejas.

A Portas Abertas, que vem acompanhando as investigações e apoiando os cristãos no Sudão, reconhece esses fatos como positivos para a comunidade cristã no país, mas ainda se preocupa com a anistia geral que o governo de transição estendeu a todos os que estiveram envolvidos em ataques anteriores, incluindo nas montanhas Nuba, no sul do Sudão, onde vivem muitos cristãos.

Anos de combates nos estados do Kordofan do Sul e do Nilo Azul mataram e deslocaram centenas de milhares de civis e destruíram as suas propriedades. Um relatório do Portas Abertas mostra que os cristãos sudaneses estavam enfrentam.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

País de maioria cristã, Argentina está perto de legalizar o aborto

Projeto de lei recebe 131 votos a favor da interrupção legal da gravidez até a 14ª semana, ante 117 contrários e seis abstenções.


FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CLARÍN E EL PAÍS


Manifestação contra a legalização do aborto em Buenos Aires.
(Foto: Reprodução / Reuters)

A Câmara dos Deputados argentina aprovou o projeto de lei que autoriza a interrupção legal da gravidez até a 14ª semana de gestação.

A proposta, que tem o apoio do presidente Alberto Fernández, recebeu 131 votos de deputados favoráveis à interrupção da gravidez, ante 117 contrários e seis abstenções, no início da manhã da sexta-feira (11).

Agora, o projeto ainda precisa passar pelo Senado argentino, que terá a palavra final.

País de maioria cristã, milhares de pessoas se manifestaram contra a aprovação do aborto antes das votações.

A Argentina tem 76% da população católica, segundo pesquisa de 2008 produzida pela Agência Nacional de Promoção Científica e Tecnológica (Foncyt).

A segunda maior religião é a evangélica. Os dados apontaram que o número de evangélicos aumentou de 9% em 2008 para 15,3% em 2019.

Não ao aborto

Unidos, católicos, evangélicos e organizações pró-vida reuniram milhares de manifestantes no sábado (28) em Buenos Aires para protestar em frente ao Congresso, onde aconteceu o debate do projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados.

“Não estamos de acordo em interromper uma vida que começa desde a concepção, somos uma maioria celeste, já que, segundo as últimas pesquisas, 70% são contra este projeto de lei. Esta maioria deve ser ouvida”, defendeu o pastor Jorge Gómez.

“Não queremos legalizar a morte”, bradou Gómez, que é diretor-executivo da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da Argentina (Aciera).

Segundo os organizadores, marchas e caravanas pró-vida foram realizadas em 500 cidades da Argentina.

É a nona vez que um projeto de lei de interrupção voluntária da gravidez tramita no Congresso argentino. Em 2018, a proposta foi aprovada pelos deputados ―por 129 votos a favor e 125 contra―, mas derrotada no Senado.

Apoio presidencial

A medida prevê que as mulheres possam interromper sua gestação até a 14ª semana. Não podem transcorrer mais de 10 dias entre a solicitação do aborto e sua realização.

Desde 1921, o aborto na Argentina é crime punível com até quatro anos de prisão, exceto em caso de estupro ou risco de vida da mãe. Mesmo assim, a cada ano mais de 300.000 abortos são realizados na Argentina, de acordo com números não oficiais, e cerca de 40.000 mulheres argentinas têm de ser hospitalizadas por complicações derivadas deles.

Com argumentos religiosos e políticos, os legisladores contra o projeto alertaram que se trata de uma lei inconstitucional e que, se o aborto for aprovado, se tornará mais um método anticoncepcional.

Muitos também argumentaram que não é o momento certo devido à pandemia covid-19 e à crise econômica que o país está passando. “Quero defender aqueles que em toda esta situação não têm voz, não têm possibilidade de se defender, que é o nascituro”, disse o deputado da oposição Federico Angelini.

“Com que cara vamos ter medo quando um menino de 15 anos mata alguém por uma bicicleta se a mensagem da liderança é que a vida é relativa, que em nome da liberdade se pode dispor da vida para nascer, aliás, mais vulneráveis”, acrescentou a legisladora Graciela Camaño quase no final do debate.