sábado, 8 de março de 2025

Perfis de mulheres: cristãs perseguidas no Vietnã

O que uma professora aposentada, uma avó e uma esposa dedicada têm em comum.

Fonte: Portas Abertas

Zombadas, amaldiçoadas e espancadas, mulheres cristãs testemunham fé extraordinária no Vietnã (foto representativa)

Hoje, no Dia Internacional da Mulher, você será inspirado pela histórias de cinco mulheres cristãs de diferentes regiões do Vietnã que encontraram seu valor e alegria em Jesus. Cada uma delas experimentou opressão por parte do marido ou família, mas elas têm algo em comum: não perderam a esperança ou a coragem. Embora perseguidas por abandonarem a religião tradicional por Cristo, elas professam a fé com alegria, pois estão seguras nos braços de Jesus.

Lan: uma mulher que ama a Bíblia

Lan* vive em um pequeno vilarejo na região do Delta do Mekong, no Vietnã. Quando ela recebeu Jesus em sua vida há alguns anos, foi imediatamente confrontada com perseguição do marido e sogros. Eles a impediram de seguir a Deus e ameaçaram rejeitá-la se continuasse a buscar Jesus.

Lan encontra na Bíblia respostas para resistir à perseguição (credito Portas Abertas)

“Se meu marido vir minha Bíblia, ele a jogará fora. Ele até me bate e me estrangula se me vê lendo a Bíblia”, compartilha Lan. Mas isso não a impediu de ir fielmente à igreja e estudar a Palavra de Deus. Mas não foi apenas seu marido que se opôs à sua fé. As autoridades locais e seus sogros também foram hostis com ela.

“Fui convocada à delegacia três vezes e as autoridades me disseram para parar de seguir a Deus. Mas eu respondi com o que aprendi na Bíblia e continuei indo à igreja. Sempre que enfrento problemas, oro e estudo mais a Bíblia. Todos os dias oro a Deus. Somente Jesus dá paz ao meu coração”, conta Lan.

Tram: uma filha amada de Deus

Tram*, assim como Lan, vive no Delta do Mekong, no Vietnã. Ela é casada e tem dois filhos. Em 2020, ela conheceu Jesus e passou a se ver criada à imagem de Deus, e uma mulher que tem valor aos olhos do pai celestial. Mas essa mudança não foi bem-vinda pelos sogros nem pelo marido. Quando não está bêbado, o marido é tolerante com a fé, mas pede que ela não fale sobre Deus ou faça qualquer atividade cristã em casa. Mas quando fica bêbado, ele a amaldiçoa e a impede de ir à igreja. Se Tram responde, ele a espanca e amaldiçoa.

Jesus mostrou a Tram que ela é uma mulher amada e valiosa (Credito Portas Abertas)

Quando os dois filhos adolescentes viram como ela era perseguida por causa da fé em Deus, buscaram consolo no álcool e nas drogas ilegais. Durante reuniões familiares, especialmente aniversários de morte, Tram também tem que cozinhar um banquete para que seu marido e a família façam oferendas aos ancestrais. Em um jantar, a mãe de Tram pediu à neta de quatro anos para queimar incenso para um ancestral, mas a menina se recusou. A mãe de Tram a empurrou e a amaldiçoou. Quando a menina tentou abraçar a avó, foi empurrada novamente com força.

Os sogros de Tram e os parentes do marido frequentemente dizem: “Tram não é uma boa nora. Nos aniversários de morte de nossos pais, ela só cozinha, mas nunca queima incenso para nossos pais”. Apesar de tudo, Tram compartilha: “Quando não tinha Deus, embora tivesse minha família, me sentia muito sozinha. Depois que aceitei Jesus em minha vida, fiquei mais feliz e em paz. Sempre que discordo do que meu marido diz sobre mim ou minha fé, eu falo com Deus, e ele conforta meu coração.”

Kha Han: a professora aposentada da escola pública

Kha Han, 65 anos, é uma professora aposentada da escola pública. Ela ouviu falar de Deus muitas vezes quando ainda era professora, mas como trabalhava para o governo, não ousava mostrar sua fé em Deus.

Kha Han foi agredida por ir à igreja, mas não desistiu da fé (Credito Portas Abertas)

Mas, após sua aposentadoria, ela professou corajosamente a fé em Jesus para sua família e amigos. Kha testemunhou milagres, maravilhas, amor, graça e perdão com os que estavam ao seu redor. Seu marido era alcoólatra e frequentemente a espancava e amaldiçoava sempre que ela voltava da igreja.

Em fevereiro de 2024, seu marido, ao saber que ela não desistiu de sua fé, a repreendeu e a espancou. Durante dias, ela não foi autorizada a comer até que renunciasse sua fé. Seus filhos também encontraram maneiras de forçá-la a desistir de sua fé. Apesar disso, ela se recusa a renunciar a Jesus e continua a orar pela salvação de sua família.

Nhi: uma mãe perseverante

Nhi* é mãe de quatro filhos e o mais novo tem síndrome de Down. Ela é da região costeira do Vietnã. Há dois anos, ela se entregou a Cristo e levou todos os quatro filhos a Jesus também.

Nhi com três filhos no Vietnã (Credito Portas Abertas)

Toda vez que recebe a visita de um obreiro da igreja em casa, seu marido se torna cada vez mais violento com ela. Ele a agride severamente e, uma vez, ela foi hospitalizada por causa das lesões e ferimentos das surras do marido. Apesar da incapacidade de frequentar a igreja livremente, ela e os quatro filhos mantêm a fé em Deus.

Hoa: seguindo a Cristo com a nora e os netos

Após sua conversão ao cristianismo há mais de seis anos, Hoa* levou toda a família, incluindo seu marido e filhos, a Cristo. Há cerca de quatro anos seu segundo filho faleceu e, desde então, a nora e netos moram com Hoa.

Hoa junto ao marido no Vietnã (Credito Portas Abertas)

Como eram os únicos cristãos no vilarejo naquela época, a comunidade insistiu que seguissem a tradição de enviar o corpo a um feiticeiro e realizar ritos anualmente. Mas Hoa não cedeu à pressão da comunidade. Desde então, todo o vilarejo virou as costas para a família de Hoa.

Apesar disso, ela, a nora e netos suportaram as ameaças e humilhações, compartilharam o evangelho com os que os perseguiam e ganharam algumas almas para Jesus. Apesar de terem sido rejeitados pelos amigos e familiares próximos, a avó, os netos e a nora persistem firmes em Cristo.

*Nomes alterados por segurança


Você pode ajudar a construir igrejas na Ásia, em Bangladesh, para que mulheres cristãs perseguidas possam conhecer sua identidade em Cristo. Como Hoa, Nhi, Kha e muitas outras irmãs em Cristo atacadas e pressionadas por amor a Jesus, elas podem ser fortalecidas para serem sal e luz mesmo nos lugares mais perigosos Apoie!

sexta-feira, 7 de março de 2025

Liderança de cristãs perseguidas na América Latina

Conheça três mulheres corajosas que estão comprometidas em suas comunidades apesar da perseguição religiosa

Fonte: Portas Abertas

Cristãs durante treinamento de líderes da Portas Abertas  Foto: Portas Abertas

A perseguição de cristãos em países como Nicarágua, Cuba e Venezuela testa a resiliência das comunidades cristãs. Somente em 2024, mais de 800 incidentes de perseguição foram relatados nesses países, de acordo com uma análise da Portas Abertas. Nicarágua e Cuba estão na Lista Mundial da Perseguição 2025 (LMP), ocupando o 30º e 26º lugar na lista de países que mais perseguem cristão no mundo. A Lista conta ainda com México (31º) e Colômbia ((46º). Não menos afetada pela perseguição, aparece a Venezuela, em 71º lugar.

O crime organizado, a corrupção, o governo autoritário e a repressão política são os principais impulsionadores da perseguição, restringindo, monitorando, discriminando e até mesmo expulsando cristãos de suas próprias comunidades ou países.

No entanto, em meio a esses desafios, muitas mulheres se levantaram para sustentar a adoração, educar novas gerações e preservar os valores do Evangelho. Conheça histórias inspiradoras de três mulheres cristãs que superaram imensos desafios para seguir seu chamado. Com fé inabalável e orientação de Deus, eles continuam a caminhar firmemente em sua jornada.

Cuba: A complexidade de ser uma líder cristã

O olhar determinado de Carolina* reflete anos de luta para compartilhar o Evangelho em um país onde a liderança cristã é desafiadora — especialmente para as mulheres, já que as normas sociais determinam que seu papel se limita ao lar e não à liderança da igreja. Para ela, a liderança feminina na igreja é um ato de coragem. “Envolve lutar contra preconceitos e provar que as mulheres podem desempenhar papéis importantes, não apenas na sociedade, mas também na igreja”, afirma.

Em Cuba, as mulheres nem sempre recebem as mesmas oportunidades que os homens e devem equilibrar o ministério com o trabalho e as responsabilidades domésticas para se sustentarem. Isso é particularmente assustador em um país onde a pobreza é galopante e um salário médio é insuficiente para cobrir as necessidades básicas. "Com um salário, você não consegue nem comprar um ovo por dia. Então, como uma mulher pode alimentar seus filhos e, ao mesmo tempo, se dedicar ao ministério?", reflete ela.

A crise econômica também afeta as atividades religiosas, agravadas pela contínua escassez de energia do país. "Você pode ter a melhor liturgia preparada, mas tudo pode parar devido a uma queda repentina de energia", ela explica.

Apesar dessas dificuldades, Carolina buscou treinamento teológico e estabeleceu um grupo de estudo bíblico feminino. "Hoje, sou mentora de dez mulheres, e nos reunimos semanalmente", ela compartilha com um sorriso, embora saiba que cada reunião está potencialmente sob vigilância. "Você deve sempre ter cuidado com o que diz e com quem fala", ela alerta, reconhecendo que qualquer declaração mal interpretada como oposição ao regime pode colocar seu ministério em risco.

Somente em 2024, quase 250 incidentes de perseguição foram registrados em Cuba, principalmente relacionados à vigilância, restrições e discriminação contra líderes cristãos. Carolina destaca os esforços crescentes do governo para influenciar ideologicamente as igrejas, limitando seu crescimento e desencorajando a liderança das mulheres cristãs. "Eles tentam introduzir ideologias que distorcem o papel das mulheres — sejam feministas, baseadas em gênero ou marxistas-leninistas — porque não querem que a igreja se expanda", ela adverte.

Apesar da adversidade, Carolina permanece firme, guiando seu grupo de mulheres a confiar em Deus e no Espírito Santo. Desde 2023, ela também participa de workshops ministeriais da Portas Abertas, fortalecendo seu conhecimento bíblico e ministério. "O líder cristão sobrevive apenas pela obra e graça do Senhor", ela afirma com firmeza.

Sua jornada não é fácil, mas sua fé permanece inabalável. Com cada mulher que lidera, ela reafirma seu chamado e demonstra que a luz do Evangelho não será extinta. "Seguiremos em frente porque Deus nos sustenta, e Seu propósito é maior do que qualquer barreira", ela declara com esperança.

Nicarágua: A luta para liderar

Elena* lembra vividamente do momento em que sentiu o chamado de Deus novamente aos 27 anos, após concluir seus estudos e se casar. Embora já tivesse sentido isso antes quando criança, desta vez ela não conseguiu resistir. "Deus me chamou novamente, e eu não tive outra opção a não ser dizer sim", ela relembra. Desde então, ela lidera uma igreja crescente de cerca de 80 membros.

Como muitos pastores nicaraguenses, ela enfrentou inúmeros desafios. Embora sua igreja tenha conseguido adquirir terras e construir um espaço de culto, as restrições governamentais os impediram de realizar atividades ministeriais, como campanhas evangelísticas em escolas.

As instituições religiosas na Nicarágua operam sob severa repressão do regime de Ortega, que não apenas controla as atividades e mensagens da igreja, mas também decide quais igrejas são legalmente reconhecidas. "O governo concede ou nega status legal às igrejas com base no alinhamento político", explica Martha Lozano*, membro da equipe do Nicaragua Portas Abertas. Sem reconhecimento legal, as igrejas enfrentam fechamento e confisco de ativos.

Desde as eleições de 2021, as restrições governamentais se intensificaram. "Na superfície, há liberdade, mas a realidade é diferente", explica Elena. Ela sabe que se for pega falando contra o governo, corre o risco de ter sua igreja fechada, ser exilada ou presa.

Só em 2024, a Portas Abertas documentou mais de 500 casos de perseguição, incluindo fechamentos de igrejas, confiscos, prisões e vigilância.

Elena também encontrou oposição dentro da comunidade cristã, pois alguns homens se recusam a aceitar sua liderança. "Equilibrar lar, ministério e crítica tem sido difícil", ela confessa.

Apesar dessas lutas, seu amor por servir a Deus a mantém firme. Desde 2021, ela recebeu, da Portas Abertas, uma bolsa para estudar teologia, que a equipou com habilidades ministeriais e melhorou seu alcance. "A teologia me deu confiança para compartilhar a Palavra e interagir com pessoas diversas. Ela transformou minha vida", diz ela.

Embora a estrada seja difícil, Elena segue em frente, sabendo que o Evangelho continua a transformar vidas. "Deus nos chama para sermos corajosos e, enquanto Ele me sustentar, continuarei", afirma ela.

Venezuela: Uma vida de fé e liderança

Susana* cresceu em Mérida, Venezuela, em um lar marcado por abusos. No entanto, sua vida mudou quando amigos a apresentaram a Jesus. "Eu encontrei um amor que curou minhas feridas", ela relembra. Essa fé recém-descoberta a levou a servir sua comunidade.

Ela se envolveu ativamente no trabalho social da igreja, mas enfrentou resistência até mesmo dentro da comunidade cristã. "Algumas pessoas não acreditam que as mulheres devem liderar, mas eu me concentro no meu chamado e provo por meio de ações que Deus pode usar qualquer um", diz ela. Determinada, ela se tornou pastora aos 40 anos, treinando em mordomia e cuidado psicológico e pastoral com o apoio da Portas Abertas.

Além da igreja, Susana lidera programas de auxílio a mulheres em situações vulneráveis ​​e jovens em risco. No entanto, o crime organizado exerce um forte controle sobre sua comunidade, limitando seus esforços.

Para os pastores locais, o perigo de tais atividades é claro: "grupos criminosos veem o Evangelho como uma ameaça porque ele oferece um caminho fora de seu controle", explica Gabriel José Contreras, um membro da equipe da Portas Abertas. Muitos pastores temem falar abertamente, sabendo das consequências.

Além disso, o governo venezuelano suprime vozes dissidentes, incluindo igrejas. Sob o presidente Maduro, o recém-criado Vice-Ministério de Instituições Religiosas pressiona as igrejas a se alinharem ao governo, ameaçando ainda mais os ministérios independentes.

Apesar desses desafios, Susana permanece inabalável. "Deus tem um propósito em tudo isso. Eu confio em Seu plano", ela diz. Desde 2024, ela se beneficia do projeto Capital Semilla da Portas Abertas, recebendo ajuda financeira e treinamento para melhorar as instalações de seu ministério.

"Desde a infância, adoro ajudar os outros. Como cristã, continuo com uma dedicação ainda maior", ela compartilha. Embora os obstáculos persistam, Susana se mantém firme, sabendo que sua fé e chamado são mais fortes do que qualquer oposição. "Não importa a tempestade, Deus sempre tem a última palavra", ela diz com um sorriso esperançoso.

Apesar da perseguição atingir também homens e meninos cristãos em muitos países, a perseguição é ainda mais intensa para as mulheres, que lidam com a hostilidade também ligada ao gênero. Ou seja, as seguidoras de Jesus são duplamente vulneráveis: por serem mulheres e por serem cristãs. Clique aqui e veja mais.

Capacite a liderança feminina cristã para a América Latina

A perseguição torna desafiadora a sobrevivência e o crescimento das comunidades cristãs nesses países. Doe e ajude a preparar líderes com coragem e estratégias para anunciar as boas-novas em meio à perseguição na América Latina.