É bastante comum encontrarmos dentro
da literatura voltada para a liderança eclesiástica temas como: Aumentando a
membresia da sua igreja,...
É bastante comum encontrarmos dentro
da literatura voltada para a liderança eclesiástica temas como: Aumentando a
membresia da sua igreja, Como gerar crescimento na igreja, ou os 7 passos de
uma igreja que se multiplica, etc., os dados estatísticos compravam que
os livros mais vendidos e comercializados seguem este caráter e paradigma de
conteúdo e proposta reflexiva. É evidente que o crescimento em todos os
sentidos é importante e significativo, porém, é válido ressaltar que a missão
da Igreja é de pregar as boas novas de salvação em Cristo Jesus, e jamais a
fixação ou a obsessão em crescimento de números de membros ou adeptos
religiosos.
Atualmente, dentre os diversos
desafios que a Igreja contemporânea enfrenta se encontra o perigo da deturpação
da verdadeira consciência do legado e missão da Igreja no mundo, uma vez que,
sorrateiramente as leis do mercado parecem estar ditando o formato e o conteúdo
da missão de alguns cristãos desavisados no século XXI.
Em síntese a lei do mercado ou do
comércio baseia-se na relação entre o fornecedor e o cliente (ou consumidor),
onde uma das máximas deste contexto diz que o cliente sempre tem a razão. Sendo
assim, o fornecedor esta para servir e cumprir as expectativas e demandas
daquele que paga pelo produto, a saber, o cliente.
Certa vez, ouvi um líder de uma
grande igreja declarar: “Nós
somos os fornecedores, Jesus é o produto e os pecadores os clientes”. Precisei
prontamente discordar desta declaração que inicialmente tem um caráter
inocente e até inovador. Discordei por quê?
– Primeiro porque o Evangelho não é
um produto, mas uma pessoa – Cristo Jesus.
– Segundo porque a Igreja não é
fornecedora de algum produto religioso, mas antes, é a noiva de Cristo Jesus
que comunica a Sua graça infinita.
– Terceiro porque o pecador não é um
cliente, mas um necessitado de arrependimento para perdão dos seus pecados e
reconciliação com Deus.
É aterrorizante a possibilidade de
que, para algumas lideranças cristãs o significado da missão da Igreja é
semelhante ao mesmo significado do mercado capitalista e consumista do século
XXI.
Certamente, deve ser por este motivo
que algumas comunidades cristãs não pregam mais sobre o pecado, o juízo final,
ou o confronto com o erro e o engano. Porque uma vez que, o pecador é uma
espécie de cliente, ele agora precisa ser agradado, bajulado, e persuadido a
continuar comprando uma religiosidade de mimos e agrados.
Porém, observamos que, Cristo Jesus
jamais esteve em conluio ou alinhado ao espírito do mercado religioso de sua
época. Cristo Jesus não pregava aquilo que agradava ou massageava o ego das
pessoas, mas antes anunciava a verdade eterna de Deus – “Muitos,
pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o
pode ouvir?”(João 6.60)
Do mesmo modo, certamente a expectativa
de Deus com relação a Sua Igreja é que anunciemos o evangelho puro e simples,
jamais negando a verdade, ou se prostrando diante das recompensas imediatistas
e passageiras do mercado religioso que sutilmente descaracteriza a verdadeira
missão da Igreja de Cristo Jesus.
por Samuel Torralbo https://artigos.gospelprime.com.br/crente-ou-cliente/
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