Norbert Lieth
“Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse
em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e
que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam
controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé” (1Tm 1.3-4 –
NVI).
Se há doutrinas falsas, então obrigatoriamente precisa haver
uma doutrina conhecida e reconhecidamente correta. Na verdade, há uma doutrina
sem par e há outras doutrinas. Quando existe uma sã doutrina, é notório que
existam doutrinas insanas ou que causam insanidade. A sã doutrina fortalece,
enquanto as outras enfraquecem e causam enfermidade. As falsas doutrinas causam
confusão, a sã doutrina, por outro lado, proporciona a certeza. De um modo
geral, as falsas doutrinas se ocupam principalmente de coisas secundárias. Os
falsos mestres procuram vincular as pessoas a um personagem ou à sua organização.
“E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando
coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.30). Esta é
a origem de todas as seitas e de todos os grupos de natureza sectária. Elas se
baseiam em lendas, mitos, fábulas, fantasias. Além disso, trata-se também de
conteúdo exotérico e de filosofias extra-bíblicas. São acréscimos humanos à
Palavra de Deus. Timóteo deveria estar atento para que não fossem ensinadas
“falsas doutrinas” (ver v.3-4), como também Tito foi intimado a fazer: “e não
se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da
verdade” (Tt 1.14).
No que se refere às genealogias, os judeus provavelmente
estavam interessados em saber de que patriarca eles descendiam. No Novo
Testamento, no entanto, isso não tem a menor importância. “Evita discussões
insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm
utilidade e são fúteis” (Tt 3.9). Em algumas seitas, como entre os Mórmons, por
exemplo, a genealogia também é valorizada. O Novo Testamento, porém, não trata
de descendência, mas de vocação, de fé e de conversão.
As falsas doutrinas normalmente são agressivas e ofensivas.
Elas geram discussões e brigas, e não promovem a edificação divina. Muitas
vezes elas giram em torno de algumas ênfases que são transformadas em itens
principais. Fica difícil conversar sobre outros assuntos com essas pessoas.
Podem ser as questões quanto ao sábado, a doutrina sobre a perda da salvação ou
sobre Israel; também se incluem temas como alimentos ou outras regras do
legalismo.
“Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para
discussões inúteis” (1Tm 1.6 – NVI). Os falsos mestres sempre se portam de modo
presunçoso e prepotente, são orgulhosos, arrogantes e não aceitam ensinamentos,
chegando a ignorar qualquer contra-argumento bíblico. É impossível manter um
diálogo edificante com eles, sendo que normalmente o contato resulta em rusga e
fofoca (ver v.6).
“querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o
que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas.
Sabemos que a lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada. Também sabemos
que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e
insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes,
para os que matam pai e mãe, para os homicidas” (1Tm 1.7-9 – NVI).
Uma característica típica dos falsos mestres é que eles
consideram uma lei como o ponto básico, sem levar em consideração o seu
cumprimento. Outra atitude típica é que eles se manifestam com muita firmeza e
apresentam sua doutrina como verdadeira sem, no entanto, terem realmente
compreendido a doutrina da justificação.
Uma pessoa que tenha sido justificada através do Evangelho
do Senhor Jesus não está mais sujeita a qualquer lei. As instruções do Novo
Testamento atendem a todos os requisitos e o cumprimento dessas instruções é um
sinal para a justiça. Nesse sentido, encontramos mais de 30 recomendações
pessoais em 1Timóteo.
A lei é boa (ver Rm 7.12) quando ela for aplicada legalmente,
isto é, se ela for considerada e aplicada da maneira para qual ela realmente
foi promulgada (ver Gl 2.16,21; 3.10-13,23-25; Rm 3.20). A lei...
não pode transformar alguém numa pessoa justa;
traz maldição;
proporciona o reconhecimento do pecado;
coloca limitações para a proteção;
não provém da fé;
conduz à fé em Jesus;
é um mestre que orienta para Jesus;
não foi dada como meio para a redenção, porém, conduz para a
salvação.
Nesse aspecto, a lei é boa e quem a aplica desse modo e
alcança a graça de Jesus Cristo através dela, é justificado. Assim, por ter
sido justificado, a lei perdeu o efeito sobre ele – ela perdeu a validade. A
lei foi dada principalmente para o convencimento dos que viviam sem lei. Alguém
certa vez disse: “A lei ensina três coisas: a) Nós devemos; b) Nós não temos; e
c) Nós não podemos”.
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“Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para
os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os
profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas, para
os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os sequestradores,
para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à
sã doutrina” (1Tm 1.9-10 – NVI).
Muitas pessoas vivem de modo perverso, sem se importarem com
a lei, mesmo não sendo justificadas. A intenção da lei é convencer justamente
estas pessoas da sua vida em pecado. Assim, por exemplo, o vindouro Anticristo
é denominado “o iníquo” (ver 2Ts 2.8).
Rebeldes são pessoas que vivem em franca contrariedade à
vontade de Deus.
Expressões como ateu, pecador, ímpio, ou mau, descrevem tudo
o que resulta de uma vida sem Deus.
Aqueles que desrespeitam ao pai e à mãe transgridem o quinto
mandamento: “Honra teu pai e tua mãe...”. Os assassinos transgridem o sexto
mandamento: “Não matarás”.
A prostituição e a pedofilia são mencionadas separadamente,
pois referem-se a coisas distintas. A prostituição é qualquer relacionamento
sexual mantido antes ou fora do casamento. A Bíblia fala claramente sobre a
união conjugal, quando relata o encontro de Jesus com a mulher samaritana,
junto ao Poço de Jacó: “ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido.
Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já
tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (Jo
4.17-18). A mulher vivia com um homem, sem um vínculo matrimonial e Jesus não
considerava isso como uma união conjugal. A denominação “pedofilia” é derivada
de uma palavra do grego antigo (arsenokoites), que se refere a um homem que
mantém relações sexuais com outro homem ou com garotos (ver 1Co 6.9). Por isso
a Standard Version Bible inglesa traduz essa expressão por “Men who practice
homosexuality” (homens que praticam homossexualismo).
Raptos tem ligação com mercadores de escravos e
sequestradores e certamente também pode ser relacionado com seitas.
Mentiras e perjúrios são praticados por pessoas que não
falam a verdade, que negam ou resistem contra a verdade, ou que destroem com a
verdade.
Tudo o que contraria a sã doutrina provoca o enfraquecimento
do Corpo de Cristo e o deixa enfermo. Por um lado, não se deve pregar o
legalismo e, por outro, não se deve minimizar o pecado. Paulo exorta que se
evite tanto o legalismo, bem como a anarquia, ou a falta de lei. Fonte: (Norbert Lieth
— Chamada.com.br)