sábado, 27 de agosto de 2016

Cristãos fazem cultos secretos dentro de um táxi, por causa da perseguição

Praça de táxis em Jakar, no Butão. A nação ocupa o 38º lugar na Classificação da Perseguição Religiosa. (Foto: Reprodução)
Praça de táxis em Jakar, no Butão. A nação ocupa o 38º lugar na Classificação da Perseguição Religiosa.
 (Foto: Reprodução)

Depois de ser proibido de manter sua igreja aberta no Butão, um líder cristão decidiu abrir as portas de seu táxi para realizar reuniões secretas com outros fiéis.

Para quem está do lado de fora, é comum ver a cena de um taxista abrindo as portas para seus passageiros. Mas dentro de um dos táxis no Butão, cristãos enxergaram a oportunidade de cultuar a Deus de maneira secreta.

O volante do táxi está sob o comando de Jeremiah, um líder cristão que teve seu real nome alterado por razões de segurança. Outro líder, Mesaque, e Tenzin, colaborador da Portas Abertas — que também tiveram nomes modificados — fazem parte dos cultos no táxi.

Logo ao se verem, eles se cumprimentam com as palavras "Jai Mashi", que para os butaneses significa "A graça de Deus esteja com você". Em seguida, eles oram e compartilham a Palavra de Deus uns com os outros.

Em uma das reuniões, o colaborador da Portas Abertas conta que Jeremiah abriu a intimação que ele havia recebido da polícia. Nela, o governo pedia ao líder para fechar sua igreja e se mudar para outro local, a fim de evitar conflitos.

Mesaque conta que essa é a primeira vez que ele vê o governo pedindo para uma igreja se mudar em uma carta formal. Tenzin comentou que para haver a emissão de um documento governamental, deve realmente ser algo muito importante.

Alguns dias antes, no domingo do dia 7 de agosto, quinze policiais foram até a igreja, na hora do culto. "Eles entraram batendo as portas e gritando ‘vocês não têm autorização para estar aqui’. Então agora recebemos essa carta do governo", explicou Jeremiah.
"Eu pedi à polícia para nos dar mais alguns dias, assim teríamos tempo de embalar nossos pertences e nos mudar com calma. Mas eles exigiram a desocupação imediata, então tivemos que sair", continuou Jeremiah.

Mesaque acrescenta que quando os proprietários ficam sabendo que o imóvel foi alugado para uma igreja, o valor do aluguel é aumentado. "Eles estavam pagando 11.500 ngultruns (moeda butanesa equivalente a 554 reais), e o valor subiu para 25 mil ngultruns (1.205 reais)”.

Grupo de cristãos butaneses durante estudo bíblico, num domingo de manhã. (Foto: Baptist Press Photo)

"Essa região tem experimentado uma pressão cada vez maior na perseguição aos cristãos, não com violência física, mas somos pressionados de todos os lados", lamenta Mesaque.

Jeremiah lamenta a perseguição, mas não desistirá de fazer as reuniões — nem que, para isso, ele continue usando seu táxi. "Fico triste por nós, cristãos. Não temos um lugar para nos reunir como corpo de Cristo", disse ele. "Eu não vou deixar que o governo nos faça sentir derrotados, quero continuar com os trabalhos da igreja".

Cristianismo no Butão
As igrejas butanesas não são oficialmente registrada pelo país. As reuniões e trabalhos evangelísticos costumam ser realizados dentro das casas dos fiéis, que cultuam a Deus em silêncio para não chamar a atenção da vizinhança.

A nação ocupa o 38º lugar na atual Classificação da Perseguição Religiosa, desenvolvida pela Portas Abertas. Embora a constituição permita a presença de outras religiões no Butão, o budismo permanece ligado à identidade nacional e tem prioridade na agenda do governo.

"A nação é basicamente pacífica e não somos perseguidos de forma violenta, mas há várias restrições e elas estão aumentando nos últimos tempos", comenta Tenzin, que também é especialista em cultura no seu país.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE PORTAS ABERTAS



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