Durante a semana, Ezequiel trabalha como catador de lixo para reciclagem.
(Foto: Jessica Costa/Folhapress)
Com uma renda de cerca de R$ 1.000, ele mobiliou a igreja em
que prega, a Assembleia de Deus do Parque Edu Chaves. O catador conseguiu
comprar bancos, filtro d'água e até uma bateria para acompanhar o ritmo dos
cultos.
Aos domingos, Ezequiel Gomes acorda às 6h, veste seu terno e
exerce a vocação de pastor em sua igreja. Durante a semana, ele enfrenta uma
jornada de 15 horas diárias de trabalho como catador de lixo para reciclagem,
nas ruas da zona norte de São Paulo.
Ezequiel, de 49 anos, vive numa casa simples do bairro
Jardim Brasil, e percorre as ladeiras da Vila Guilherme Alta coletando lixo —
mesmo sem ter o braço direito há 11 anos.
Mesmo com sua deficiência, Ezequiel diz carregar até meia
tonelada de material, dividida em três carrinhos. "Aprendi a usar cada
músculo de meu corpo e a força das coxas e do peito", disse ele ao jornal
Folha de São Paulo. "Faço o serviço que ninguém quer, acho que já acabei
com muito foco de dengue".
Após um acidente com um carrinho de entulho, em 2005, os
médicos amputaram o braço do catador. Para ele, o procedimento foi
desnecessária e, há nove anos, move ação judicial contra um hospital público da
capital.
Ezequiel relata que após idas e vindas às unidades
hospitalares, sentindo fortes dores, finalmente recebeu o diagnóstico de que
não haveria recuperação. "Fiquei triste, mas logo esqueci a depressão e
voltei a trabalhar, com alegria", afirma.
Há quinze anos na profissão, hoje Ezequiel tem a renda mais
alta da família, de nove pessoas. "Não tenho diversão maior do que encher
a geladeira de casa", disse ele, que antes teve carteira assinada como
segurança e ajudante de pedreiro.
Ezequiel abraçou a fé em Jesus Cristo após uma juventude
marcada por delitos que o levaram à prisão. "Foram drogas e outras
bobagens, mas foi preso que conheci a palavra de Deus, a minha missão."
Com uma renda de cerca de R$ 1.000, ele mobiliou a igreja em
que prega, a Assembleia de Deus do Parque Edu Chaves. O catador conseguiu
comprar bancos, filtro d'água e até uma bateria para acompanhar o ritmo dos
cultos.
Aos domingos, cerca de 40 fiéis ouvem suas mensagens.
"Cresci num bairro em que muita gente se desgarrou, mas não podemos ceder
à tristeza", diz o pastor.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE FOLHA DE SÃO PAULO
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