O discurso de Volodymyr Zelensky foi transmitido em uma praça de Tel Aviv.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO JERUSALEM POST
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou Israel por
não ajudar seu país de maneira mais incisiva, em um discurso no domingo (20)
para parlamentares e ministros israelenses por videoconferência.
“Por que Israel se absteve das sanções à Rússia? Israel
precisa dar respostas a essas perguntas e, depois disso, conviver com elas”,
disse o presidente ucraniano.
Zelensky ainda implorou a Israel que enviasse o “Iron
Dome”, seu sistema de defesa antimísseis, para proteger civis
ucranianos dos ataques aéreos russos. Ele disse que o Iron Dome é o melhor
sistema de defesa antimísseis do mundo e criticou Israel por não fornecer armas
de defesa à Ucrânia.
“Estamos nos voltando para vocês e perguntando se é melhor
fornecer ajuda ou mediação sem escolher um lado”, disse Zelensky ao Knesset (o
parlamento israelense). “Vou deixar vocês decidirem a resposta para a pergunta,
mas quero reforçar que a indiferença mata.”
Em crítica ao primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett —
que foi à Rússia para tentar fazer acordos entre a Ucrânia e o presidente russo
Vladimir Putin — Zelensky disse que não é possível fazer uma mediação “entre o
bem e o mal.”
Fontes próximas a Bennett e ao ministro das Relações
Exteriores, Yair Lapid, disseram que ficaram surpresos com a crítica de
Zelensky no discurso, informou o site Jerusalem Post. Apesar do discurso, Israel
continuará com a mediação e não fornecerá armas à Ucrânia,
disseram as fontes.
Comparação ao Holocausto irritou israelenses
Em outro momento do discurso, Zelensky comparou a invasão de
seu país com o Holocausto. Ele mencionou que a data da invasão russa, 24 de
fevereiro, foi a mesma data em que o Partido Nazista foi fundado, em 1920. Ele
também argumentou que os ucranianos salvaram judeus no Holocausto.
Zelensky também citou ataques russos perto do memorial do
Holocausto Babyn Yar e do local de sepultamento do rabino Nachman de Breslov,
em Uman, a cerca de 200 km a sul da capital Kiev.
A comparação com o Holocausto, no entanto, ofendeu alguns
membros do Parlamento de Israel.
“Sua crítica a Israel foi legítima, assim como suas
expectativas em relação a nós, mas não a sua comparação revoltante e ridícula
com o Holocausto e a sua tentativa de reescrever a história e apagar o papel do
povo ucraniano nas tentativas de exterminar o povo judeu”, disse o líder do
Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich.
O ministro das Comunicações, Yoaz Hendel, disse no Twitter
que apoia o presidente da Ucrânia e o povo ucraniano, “mas a terrível história
do Holocausto não pode ser reescrita.”
Hendel observou que parte do genocídio de judeus da Alemanha
nazista “também foi realizado em terras ucranianas” e acrescentou que, embora
“a guerra seja terrível, a comparação com os horrores do Holocausto e a
‘Solução Final’ é ultrajante”.
O discurso do presidente ucraniano foi transmitido na Praça Habima, em Tel Aviv, e contou com a presença de centenas de pessoas, incluindo o prefeito de Tel Aviv, Ron Huldai. Pessoas que acompanhavam o discurso seguravam cartazes comparando Putin aos nazistas.
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