terça-feira, 22 de março de 2022

Zelensky pede armas a Israel e compara invasão ao Holocausto

O discurso de Volodymyr Zelensky foi transmitido em uma praça de Tel Aviv.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO JERUSALEM POST

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fala de Kiev, na Ucrânia, aos legisladores do Knesset em 20 
de março de 2022. (Foto: Captura de tela/YouTube)

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou Israel por não ajudar seu país de maneira mais incisiva, em um discurso no domingo (20) para parlamentares e ministros israelenses por videoconferência.

“Por que Israel se absteve das sanções à Rússia? Israel precisa dar respostas a essas perguntas e, depois disso, conviver com elas”, disse o presidente ucraniano.

Zelensky ainda implorou a Israel que enviasse o “Iron Dome”, seu sistema de defesa antimísseis, para proteger civis ucranianos dos ataques aéreos russos. Ele disse que o Iron Dome é o melhor sistema de defesa antimísseis do mundo e criticou Israel por não fornecer armas de defesa à Ucrânia.

“Estamos nos voltando para vocês e perguntando se é melhor fornecer ajuda ou mediação sem escolher um lado”, disse Zelensky ao Knesset (o parlamento israelense). “Vou deixar vocês decidirem a resposta para a pergunta, mas quero reforçar que a indiferença mata.”

Em crítica ao primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett — que foi à Rússia para tentar fazer acordos entre a Ucrânia e o presidente russo Vladimir Putin — Zelensky disse que não é possível fazer uma mediação “entre o bem e o mal.”

Fontes próximas a Bennett e ao ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, disseram que ficaram surpresos com a crítica de Zelensky no discurso, informou o site Jerusalem Post. Apesar do discurso, Israel continuará com a mediação e não fornecerá armas à Ucrânia, disseram as fontes.

Presidente do Knesset, Mickey Levy, falando ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em 20 de março de 2022.
 (Foto: Knesset)

Comparação ao Holocausto irritou israelenses

Em outro momento do discurso, Zelensky comparou a invasão de seu país com o Holocausto. Ele mencionou que a data da invasão russa, 24 de fevereiro, foi a mesma data em que o Partido Nazista foi fundado, em 1920. Ele também argumentou que os ucranianos salvaram judeus no Holocausto.

Zelensky também citou ataques russos perto do memorial do Holocausto Babyn Yar e do local de sepultamento do rabino Nachman de Breslov, em Uman, a cerca de 200 km a sul da capital Kiev. 

A comparação com o Holocausto, no entanto, ofendeu alguns membros do Parlamento de Israel.

“Sua crítica a Israel foi legítima, assim como suas expectativas em relação a nós, mas não a sua comparação revoltante e ridícula com o Holocausto e a sua tentativa de reescrever a história e apagar o papel do povo ucraniano nas tentativas de exterminar o povo judeu”, disse o líder do Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich.

O ministro das Comunicações, Yoaz Hendel, disse no Twitter que apoia o presidente da Ucrânia e o povo ucraniano, “mas a terrível história do Holocausto não pode ser reescrita.”

Hendel observou que parte do genocídio de judeus da Alemanha nazista “também foi realizado em terras ucranianas” e acrescentou que, embora “a guerra seja terrível, a comparação com os horrores do Holocausto e a ‘Solução Final’ é ultrajante”.

O discurso do presidente ucraniano foi transmitido na Praça Habima, em Tel Aviv, e contou com a presença de centenas de pessoas, incluindo o prefeito de Tel Aviv, Ron Huldai. Pessoas que acompanhavam o discurso seguravam cartazes comparando Putin aos nazistas.

 

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