sexta-feira, 18 de junho de 2021

Dubai tem a primeira exposição sobre o Holocausto no mundo árabe

A exposição no ‘The Crossroads of Civilizations’ é dedicada à memória das vítimas do Holocausto e será permanente.


FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA EURONEWS

Embaixador de Israel nos Emirados Árabes Unidos, Eitan Na'eh (3º à direita), Ahmed Al Mansuri, fundador do Crossroads of Civilization Museum (2º à direita), e embaixador alemão nos Emirados Árabes Unidos, Peter Fischer (à direita), na exposição. (Foto: Re

A exposição 'We Remember' no Museu do Cruzamento de Civilizações (‘The Crossroads of Civilizations’), em Dubai, é a primeira sobre o Holocausto no mundo árabe, segundo os organizadores.

A mostra apresenta testemunhos em primeira mão dos sobreviventes do Holocausto. Levi Duchman, rabino da comunidade judaica dos Emirados Árabes Unidos, explica a importância do evento: "Houve um tremendo crescimento da vida judaica aqui nos Emirados Árabes Unidos, judeus que se mudam para cá vindos de Israel, dos Estados Unidos, da Europa. Como a comunidade continua crescendo, é muito importante para nós construirmos as fundações dela”.

Sobre o museu ter feito a exposição memorial do Holocausto, o rabino disse ainda que é “um lugar onde podemos trazer os nossos filhos, escolas ou comunidades diferentes para ver a história do povo judeu sobre o que passaram na Europa”.

Mais de seis milhões de judeus foram mortos pelos nazistas entre 1941 e 1945. Esta exposição visa recordar o que aconteceu durante o Holocausto e sensibilizar as mais de 200 nacionalidades que vivem no Dubai.

Árabes e muçulmanos

A exposição inclui também uma seção inteiramente dedicada a árabes e muçulmanos que ajudaram a salvar judeus: "Este é um dos maiores crimes contra a humanidade… é importante para nós. Temos galerias sobre tolerância e sobre as três religiões monoteístas, as religiões do Oriente Médio. Por isso, vemos isto como uma parte que tem de ser incluída nesta exposição. Queremos mostrar esperança e mostrar outras pessoas, muçulmanos e pessoas da região que ajudaram a salvar pessoas", diz a diretora do museu, Yael Grafy.

"Claro que, se olharmos para a história da região, os judeus e os árabes viveram sempre muito próximos uns dos outros. Se olharmos para Marrocos, Tunísia, Líbia, Síria, Líbano etc., encontramos comunidades judaicas fortes e completas", explica o rabino Duchman.

Imagens chocantes

Uma imagem em tamanho real de um jovem, o "Rapaz do Gueto de Varsóvia" rodeado por armas da guerra é a peça central da galeria. Outros destaques incluem as histórias de Selahattin Ülkümen - o diplomata turco que salvou os judeus de Rodes da deportação, e do Dr. Mohammed Helmy - um médico egípcio que salvou vários judeus da perseguição nazi em Berlim.

Yael Grafy conta a história desta personalidade: "Ele estudava em Berlim e lá permaneceu depois e durante a Segunda Guerra Mundial. Viu o que aconteceu com as pessoas que o rodeavam. Como muçulmano, porque o regime nazista não era só contra os judeus, decidiu salvar algumas famílias. E estas famílias, graças a ele, sobreviveram ao Holocausto".

O rabino Duchman diz que "é muito emocionante quando passeamos pela exposição, pois vemos as diferentes imagens e lemos as diferentes histórias que aqui são expostas. Isto dá-nos um certo empoderamento, pois quando estamos construindo raízes fortes para os nossos filhos, para as gerações futuras, aprendemos a importância de trabalhar em conjunto com todas as pessoas, a importância da tolerância, da coexistência e de construir comunidades coesas em todos os Emirados Árabes Unidos, em toda a região e em todo o mundo. Precisamos de ter estes valores".

Antissemitismo

À medida que o Oriente Médio se abre e avança para a normalização das relações, o fundador do museu, Ahmed Obaid Almansoori, acredita que o timing desta exposição é adequado.

"Ultimamente, tem havido incidentes ligados a um aumento do antissemitismo e do racismo no mundo. Por isso, penso que este é o momento certo para nós. E estando nos Emirados Árabes Unidos, temos um sistema, temos a cultura da união de solidariedade. As pessoas vêm para cá e não vêm pelo petróleo ou pelo dinheiro. Vêm porque se sentem em casa. As pessoas vêm de todo o mundo e nós vemos a beleza nas diferenças. Portanto, este é um lugar para onde as pessoas vêm, podemos aprender com a nossa experiência de união e exportar essa experiência", diz.

Como o nome sugere, o Museu do Cruzamento de Civilizações foi criado para se concentrar nos valores da abertura e do multiculturalismo nas comunidades globais.

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