quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Rara explosão estelar pode ter significado profético do fim dos tempos

Nova deve emitir uma explosão tão brilhante que será visível na Terra a olho nu por vários dias no próximo mês.

Fonte: Guiame, com informações do g1 e Israel365

Representação artística da T Coronae Borealis, um sistema binário a aproximadamente 3 mil anos-luz da Terra que será 
visível na Terra a olho nu. (Foto: NASA/Goddard Space Flight Center)

Cientistas preveem que uma nova no sistema estelar T Coronae Borealis, ou T CrB, será visível da Terra no próximo mês. Esta nova deverá brilhar 1.500 vezes mais do que o normal, tornando-se a 50ª estrela mais brilhante no céu noturno.

Há especulações de que esta nova possa ser a Estrela de Jacó mencionada na profecia de Balaão, considerada um sinal do advento do Messias.

Uma nova é um tipo de explosão estelar que ocorre em uma estrela binária, onde duas estrelas estão orbitando uma à outra. Em uma nova, uma das estrelas, geralmente uma anã branca, acumula material da companheira.

Sistema estelar binário

T CrB é um sistema estelar binário composto por uma gigante vermelha e uma anã branca, que orbitam uma à outra a cada 228 dias, a cerca de metade da distância entre a Terra e o Sol.

A anã branca, do tamanho da Terra, retira hidrogênio da gigante vermelha. Quando a quantidade de hidrogênio acumulada na anã branca é suficiente, a pressão e o calor causam uma explosão termonuclear, tornando-se visível da Terra.

Como T CrB está a 2.630 anos-luz da Terra, a luz do sistema binário leva 2.630 anos para alcançar nosso planeta. A nova que veremos agora ocorreu há mais de 2.000 anos, e sua luz finalmente chegará à Terra em setembro.

T CrB é uma das dez novas recorrentes conhecidas que entram em erupção em intervalos de menos de um século. Em média, T CrB experimenta uma nova a cada 80 anos.

T CrB foi registrada pela primeira vez no outono de 1217 pelo abade Burchard de Ursberg, na Alemanha, que notou “uma estrela tênue que brilhou intensamente por um tempo”.

Observações das duas últimas novas, em 1866 e 1946, indicaram que T CrB começou a brilhar mais intensamente cerca de dez anos antes de se tornar visível da Terra. Após esse aumento de brilho, sua luz diminuiu brevemente, sugerindo uma erupção antes de setembro de 2024.

Astrônomos preveem que o próximo evento de nova ocorrerá entre fevereiro e setembro. Cientistas estão empolgados, pois será a primeira explosão observada com tecnologia espectroscópica moderna.

Durante o próximo evento de nova, espera-se que T CrB, também conhecida como Blaze Star, alcance a segunda magnitude, tornando-se tão brilhante quanto a Estrela do Norte, Polaris. A nova poderá ser visível a olho nu por vários dias e, potencialmente, por mais de uma semana através de binóculos antes de escurecer e desaparecer. Como a próxima nova em T CrB não é esperada por mais 80 anos, este evento representa uma oportunidade astronômica única na vida.

Fim dos dias

Efraim Palvanov, professor e escritor, é o responsável pelo blog Mayim Achronim (Águas Finais, em português), que recebe seu nome de um ritual judaico pouco conhecido que consiste em lavar os dedos após uma refeição.

Assim como o ritual, o blog explora temas judaicos que são frequentemente mal compreendidos ou pouco discutidos. Em uma palestra recente, Palvanov associou as guerras atuais na Ucrânia e em Israel às previsões do fim dos dias descritas na literatura judaica clássica.

Palvanov enfatizou que não estava fazendo uma previsão ou profecia, mas simplesmente descrevendo um evento astronômico de acordo com a literatura judaica.

“Sabemos que uma das profecias e tradições mais antigas sobre o Moshiach (Messias) vem de Balaão, um profeta gentio que veio para amaldiçoar Israel, mas não conseguiu”, disse Palvanov.

“Em vez disso, ele faz uma profecia que na verdade diz: ‘Vou te contar o que acontecerá no final dos dias.’”

“Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete.” (Números 24:17)

“É um dos poucos lugares onde a Torá usa a expressão ‘fim dos dias’”, observa Palvanov.

“Balaão diz que está olhando para o futuro e profetiza que uma estrela surgirá de Jacó. Claro, os cristãos adotaram isso na cena da natividade e na Estrela de Belém”, acrescenta Palvanov.

Interpretação rabínica

Este verso foi interpretado pelo rabino Moses ben Maimon, mais conhecido como Maimônides ou Rambam, uma das principais autoridades da Torá do século XII.

Em seu livro Mishneh Torah, o Rambam usa este verso sobre a estrela que surge para apoiar a crença de que o Messias virá um dia. Segundo o Rambam, o Messias surgirá de Jacó, mais especificamente da tribo de Judá.

Palvanov explicou que a profecia da Estrela de Jacó foi associada a Simão bar Kosiba, líder da Segunda Revolta Judaica em 132 d.C., cujo nome adotado, Bar Kochba, significa "Filho da Estrela" em aramaico.

O fracasso dessa revolta, na qual Bar Kochba foi visto como um Messias político, impactou significativamente a interpretação da Estrela de Jacó.

Com o insucesso da revolta, os sábios passaram a dar menos importância à escatologia da Estrela de Jacó, levando à crença de que essa profecia não era mais relevante, uma vez que já havia sido considerada como tendo se cumprido na época do Rei Davi.

“Já havia, mesmo na antiguidade, uma associação entre o Moshiach, ou um potencial Messias, e a estrela de Jacó. ‘Balaão até profetiza que esta estrela marcará o fim de Amalek.’”

“Balaão viu Amaleque e pronunciou este oráculo: ‘Amaleque foi o primeiro entre as nações, mas o seu fim será destruição." (Números 24:20)

‘Grande Rei’

O Zohar (212b) descreve detalhadamente a Estrela de Jacó:

“Ensina-se que, no futuro, o Santo, bendito seja Ele, reconstruirá Jerusalém e revelará uma estrela firme, brilhando com setenta pilares de fogo, e com setenta faíscas piscando no meio do Firmamento. Elas serão governadas por outras setenta estrelas, que brilharão e arderão por setenta dias.”

“E [a estrela] será visível no sexto dia, no 25º dia do sexto mês. Ela será reunida no sétimo dia, ao final dos setenta dias. No primeiro dia, será vista na cidade de Roma. Nesse mesmo dia, três grandes estruturas dessa cidade de Roma cairão e um grande edifício desabará. O governante dessa cidade morrerá. Então, a estrela se espalhará para ser vista no restante do mundo.”

A data descrita no Zohar como o dia em que a estrela aparecerá corresponde à data hebraica 25 de Elul. O Zohar especifica que essa data cairá em uma sexta-feira.

Este ano, o dia 25 de Elul cai no dia 28 de setembro.

“Naquele tempo, grandes guerras se levantarão por todos os quatro cantos do mundo, e nenhuma fé será encontrada entre seu povo”, continua o Zohar.

“No meio do mundo, quando essa estrela brilhar no meio do Firmamento, um grande rei surgirá e governará o mundo, e seu espírito se exaltará sobre todos os reis, e ele despertará uma guerra entre ambos os lados, e se tornará forte contra eles.”

“…No dia em que a estrela estiver oculta, a Terra Santa tremerá a uma distância de quarenta e cinco milhas ao redor do local do Santo Templo, revelando uma caverna subterrânea. Dessa caverna sairá um fogo abrasador para queimar o mundo. E de dentro dessa caverna brotará um grande ramo, que governará todo o mundo, e a ele será dado o reino. Os Seres Sagrados se reunirão ao seu redor. Então, o Mashiach será revelado para o mundo inteiro…”

Era pré-messiânica

O Zohar então descreve como será o mundo naquela era pré-messiânica.

“O mundo, quando o Moshiach for revelado, terá enfrentado uma sucessão de crises, e os inimigos de Israel se tornarão mais poderosos. Então, o espírito do Moshiach será despertado contra eles, e o maligno Edom será destruído. Toda a terra de Seir será consumida pelo fogo.”

“É exatamente isso que temos vivido”, explicou Palvanov. “Uma crise após a outra: a pandemia, seguida pela hiperinflação, depois a guerra na Ucrânia, a guerra em Israel e o conflito com os Houthis.”

“E assim como o Zohar prevê, os ‘inimigos de Israel’ estão crescendo,” disse Palvanov. “O antissemitismo está alcançando níveis que não eram vistos desde o Holocausto. Há até relatos de que as redes sociais chinesas estão repletas de antissemitismo, apesar de não haver judeus na China. Esse tipo de ódio aos judeus é incompreensível.”

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