Yu Jie tornou-se um dos maiores críticos do Partido
Comunista. (Foto: LA Times)
Yu Jie é um renomado escritor chinês, já sofreu torturas na
prisão por causa de sua fé cristã e hoje é um dos maiores críticos do Partido
Comunista.
Apesar da perseguição
desenfreada, levada a cabo por líderes comunistas da China contra
os cristãos do país, um escritor chinês argumentou que o cristianismo - e não o
confucionismo, o comunismo ou ateísmo - é o futuro do país.
Yu Jie, um autor best-seller chinês e um dos críticos mais
importante da liderança do país, recentemente escreveu em um editorial
publicado na edição de agosto da revista 'First Things', no qual ele afirmou
que "uma fé crescente em Cristo, reforçada pelos laços de comunhão na vida
da igreja, está soprando nova vida nova sobre a China".
Os cristãos da China têm visto um aumento na perseguição,
desde que o governo de Xi Jinping chegou ao poder há três anos. No ano passado,
o presidente advertiu que as religiões "devem permanecer independentes da
influência estrangeira" e disse que "o trabalho religioso do Partido
Comunista deve estar focado de conquistar os corações e mentes do
público".
Ao longo dos últimos anos, muitos líderes cristãos foram
presos, enviados para hospícios, espancados e torturados. Milhares
de cruzes também foram removidas à força de mais de 1.800 igrejas desde 2014.
Em seu editorial, Yu argumenta que a crescente hostilidade
do governo chinês em relação ao cristianismo é porque o presidente Xi Jinping é
"um líder inseguro" e reconhece os cristãos como a maior ameaça ao
governo comunista.
"O número [de cristãos na China] cresce em milhões a
cada ano", escreveu Yu. "A este ritmo, em 2030, os cristãos do país
serão superiores a 200 milhões, superando os Estados Unidos e tornando a China
o país com a maior população cristã do mundo".
Yu comentou o tempo que passou preso em 2010, por causa de
sua relação com Liu Xiaobo, o vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2010 por sua
luta pelos direitos humanos na China. De acordo com uma reportagem do New York
Times, em uma cela de detenção, agentes de segurança dobraram os dedos de Yu
para trás, um por um, deram chutes em seu peito e ameaçaram queimar seu rosto com
cigarros acesos.
Depois de suportar meses de abusos e torturas, além da
prisão domiciliar e da vigilância constante por parte do Estado, Yu e sua
família migraram para Washington, DC (EUA), onde a mulher de Yu trabalhar como
pastora na Igreja 'Harvest Chinese Christian', nos subúrbios do Distrito de
Columbia.
Yu Jie é escritor cristão e atualmente vive nos Estados Unidos, com sua
esposa e filho. (Associated Press)
Como ele, os cristãos que sofrem perseguição nas mãos do
partido comunista recusam-se a ceder ao medo: "Uma das frases que ouvi na
maioria das vezes entre eles foi: 'Quanto maior a perseguição, maior o
renascimento", explicou Yu.
"Para dissidentes cristãos, a remoção de cruzes dos
templos e as demolições de igrejas são apenas o prelúdio de uma história que
remonta aos tempos da Paixão e Ressurreição de Cristo. Eles falam sobre como
durante a Revolução Cultural, a população cristã em Wenzhou, na verdade, também
cresceu muitas vezes", contou.
Desde o ano 2000, um número de igrejas urbanas têm
desenvolvido nas grandes cidades em toda a China, que Yu disse que "é um
primeiro passo para que os cristãos assumam a liderança no desenvolvimento de
uma sociedade civil chinesa, independente do controle do governo". No
entanto, antes de uma sociedade livre poder se estabelecer, deve ser entendido
que "a religião deve ser um assunto privado".
"O que é necessário é uma teologia política ressaltando
a soberania da lei de Deus, em vez da separação entre Igreja e Estado",
disse Yu. "Embora a China comunista seja uma sociedade totalitária, os
cristãos podem aprender e praticar um modo de vida democrático na igreja, e
então agir como um fermento na sociedade".
Por exemplo, enquanto os chineses não têm direito de voto
real, os membros da igreja pode eleger seu próprio conselheiros e líderes
administrativos.
"Para aqueles inexperientes com as eleições e a
democracia, as igrejas são um viveiro de atividade cívica", Yu apontou.
"Muitas dessas igrejas são presbiterianas e calvinista, a mesma tradição
que desempenhou um papel tão central na ascensão da democracia no
Ocidente".
O autor explicou que sua fé cristã é o que lhe permite
compreender o mal e a injustiça, perpetrados pelo governo chinês.
"Este trabalho interior de arrependimento pelos meus
próprios pecados transformou a minha luta contra o totalitarismo. Já não estou
apenas apontando falhas no mundo. Eu também reconheço as falhas em mim
mesmo", escreveu ele.
"Que Deus me permita viver para testemunhar e
testificar dEle por meio da escrita. Eu continuo a fazê-lo com grande
esperança. Uma fé crescente em Cristo, reforçada pelos laços de comunhão na
vida da Igreja, que está soprando uma nova vida nova sobre o meu país".
Ele concluiu: "Nem a mão morta do comunismo, nem a
imitação cínica do confucionismo, nem o capitalismo, nem a democracia, nem qualquer
coisa terrena irão determinar o destino da minha terra. O cristianismo é o
futuro da China".
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO GOSPEL HERALD
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