sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Antipetismo une líderes evangélicos influentes em torno de Bolsonar

Alguns deputados contrariam suas legendas, mesmo ameaçados de expulsão

por Jarbas Aragão

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Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters)

Antes do início da campanha eleitoral deste ano, os principais líderes evangélicos do país tinham suas preferências pessoais. Alguns buscavam proximidade com nomes como Flávio Rocha – empresário evangélico que tentou sair candidato pelo PRB – outros ressaltavam antigos laços de amizade com Geraldo Alckmin (PSDB) ou Marina Silva (Rede).

Havia quem desaconselhasse o voto em Jair Bolsonaro, considerado “radical” e “despreparado”. Uma busca em vídeos antigos de certos pastores revela que eles falaram isso inclusive diante de suas igrejas.

Contudo, tudo mudou nas últimas semanas. Um a um, líderes de grandes ministérios e denominações evangélicas do Brasil declararam apoio ao capitão reformado, que ainda se recuperava no hospital do atentado a faca do dia 6 de setembro.

As pesquisas vinham indicando que o candidato do PSL, mesmo se declarando católico, tinha a preferência dos eleitores evangélicos, contrariando a antiga ideia de que “irmão vota em irmão”, os evangélicos Marina e Cabo Daciolo (Patriota), não atraíam os votos do segmento.

Com cerca de 30% da população se dizendo evangélicos, tornou-se natural o fortalecimento de seu capital político, que deve servir para aumentar o número de deputados da Frente Parlamentar Evangélica na próxima legislatura.

Além de defender as bandeiras mais conhecidas desse público: rejeição do aborto, ideologia de gênero e legalização das drogas, Bolsonaro também consolidou em sua candidatura o antipetismo.

Seu discurso sempre contrário à esquerda e os constantes alertas sobre a possibilidade de tomarmos o mesmo rumo dos vizinhos venezuelanos, ajudou Bolsonaro a se fortalecer como o maior opositor de Lula e seu “poste” Fernando Haddad.

Afinal, o regime bolivariano de Maduro recebeu apoio formal do PT e do PCdoB, enquanto Cuba deu um calote no BNDES, mostrando que os laços ideológicos eram a justificativa para o envio de milhões de dólares dos cofres públicos para a ilha comandada pelo Partido Comunista.
Jair, o Messias

Silas Malafaia é um antigo conhecido de Jair Bolsonaro. Realizou seu casamento com a atual esposa, Michele, e lidera a Vitória em Cristo, igreja que sua família frequentou durante anos.

Apesar de estarem distanciados e das críticas que o pastor fez ao político em vídeos antigos, durante a campanha voltaram a se aliar. Um dos elementos mais fortes é a luta de ambos contra o petismo e seu espectro de totalitarismo, que incluiria a perseguição religiosa.

“Bolsonaro não é Jesus, mas é Messias. É bom você JAIR se acostumando”, tuitou em setembro o apóstolo Renê Terra Nova, fazendo alusão ao nome do meio do capitão. O líder do Ministério Internacional da Restauração, com forte atuação na região Norte, em pleitos passados pedia votos para Marina. No final do mês passado, uma imagem com fiéis de sua igreja formando o número 17 dentro do rio Jordão, em Israel, viralizou e passou a ser um símbolo do apoio evangélico ao pesselista.

Batismo no Rio Jordão com apoio a Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução / Instagram)

Estevam Hernandes, que lidera a Renascer em Cristo, havia dito durante a Marcha para Jesus de São Paulo que Bolsonaro precisava demonstrar mais amor e tolerância e que “o discurso raivoso não é bíblico”, também mudou de ideia. Semana passada, publicou em seu Instagram, um vídeo onde pede, ao lado da esposa, a bispa Sônia, que os seus seguidores fizessem o número 17 com os dedos. Era a senha para anunciar a adesão de sua igreja.

Na Assembleia de Deus, maior denominação do país, Henrique Meirelles (MDB) iniciou o ano em alta. O ex-ministro das Finanças de Michel Temer chegou a recebeu apoio do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente emérito da CGADB em julho.

Dia primeiro, quando celebrava seus 84 anos, anunciou que votaria em Bolsonaro, embora não tenha oficializado ainda o apoio oficial da Igreja, que em eleições passadas estava ao lado de Lula e Dilma.

Outro ex-aliado do PT e que agora pede votos para Bolsonaro é Edir Macedo, da Igreja Universal. Tendo rompido com Dilma na época do impeachment, cansado dos escândalos de corrupção, o bispo viu seu braço político (PRB) entrar para a coligação de Alckmin.

Dono da Record TV, Macedo certamente não deseja ver Haddad eleito, afinal o seu plano de governo fala em “democratizar” as telecomunicações no país. Na Venezuela, o mesmo termo foi empregado para justificar a censura à imprensa e o fechamento de emissoras de TV.

O posicionamento da IURD foi tão impactante que a cúpula petista atribuiu a ela a “culpa” por parte da arrancada de Bolsonaro nas últimas pesquisas.

O levantamento do Datafolha divulgada na terça (3) mostra o candidato do PSL com 40% das intenções de voto nesse segmento, enquanto Haddad tem apenas 15%, bem abaixo da sua média total.
Deputados evangélicos contrariaram seus partidos

Ezequiel Teixeira e Jair Bolsonaro. (Foto: Divulgação)

Importantes lideranças evangélicas dentro do Congresso estão unidas em torno de Bolsonaro, contrariando seus partidos e podendo, inclusive, serem expulsos por isso.

O primeiro a vir a público foi Marco Feliciano. Embora seu partido, o Podemos, tenha como candidato à presidência Álvaro Dias, ele manteve-se ao lado do militar reformado.

Também do Podemos, o carioca Ezequiel Teixeira, líder do Projeto Vida Nova, bolsonariou e reforça o discurso antipetista Ele lembra que há diversos projetos de lei elaborados por petistas tramitando na Câmara que confrontam a fé cristã. “O eleitor conhece as propostas do PT e por isso as rejeita”, afirma.

A chapa de Dias sofreu outra baixa importante quando o pastor Hidekazu Takayama, presidente da bancada evangélica, anunciou que está ao lado de Bolsonaro. Seu partido, o PSC, indicou o vice na chapa de Álvaro.

Em entrevista recente, Takayama reclamou “desta esquerda ateia que não gosta de cristãos”, e defende que o pesselista é “a pessoa mais indicada na disputa para zelar por moral e bons costumes”.

Com oito segundos de televisão, sem usar o dinheiro do Fundo Eleitoral a que teria direito, sem poder participar dos debates e com a saúde ainda debilitada, se for eleito, Bolsonaro precisará reconhecer que, como dizem os evangélicos “Deus está nesse negócio”.

Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br

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