Mizael Silva confronta o questionamento refletindo sobre o uso de medicamentos para outras áreas de saúde com o câncer.
No decorrer da vida, tanto ímpios quanto os cristãos podem ter problemas de saúde, inclusive os de saúde da mente. Não é a toa que muitos cristãos chegam a ter depressão, por exemplo. Mas, o cristão deve tratar problemas psíquicos apenas com oração? Fazer usos de remédios seria menosprezar o poder de Deus? Para responder essas perguntas, o psicólogo cristão Mizael Silva conversou com Cássio Miranda, apresentador do programa Mente Aberta.
“A gente tem uma longa discussão sobre esse tema, primeiro começando sobre essa pergunta que já implica numa dúvida. Tem alguma coisa que é de Deus e tem alguma coisa que não é de Deus. E ai se a gente tem essa dúvida, logo começa essa pergunta, principalmente sobre a medicação”, inicia o profissional.
“E ai a minha pergunta tem uma réplica. Se a gente fosse falar de outra área que não fosse a área psíquica, se a gente fosse falar do câncer, a gente perguntaria se ter um remédio para o câncer é de Deus? Acredito que para essa, todos teriam uma rápida e momentânea reposta: ‘Sim é de Deus’”, ressalta.
O psicólogo questiona o motivo da diferença entre os dois problemas. “E porque quando a gente trata da área psíquica, a gente tem a dúvida se é de Deus ou não? A gente tem uma história baseada na filosofia grega do platonismo que vai provocar um contraste entre essa ideia. Porque existe algo que é espiritual e algo que é físico. E aquilo que é espiritual ele entende que é perfeito. Aquilo que não é espiritual, que é físico e humano é imperfeito”, explica.
“Então, é por isso que a gente tem essa dúvida, que de aquilo que o homem faz, mesmo sendo bom e não estando no campo religioso, isso pode ser de Deus. Esse dualismo é que provoca esse problema e essa pergunta”, comentou.
Pastores que proíbem
Questionado pelo apresentador, sobre pastores que proíbem os membros de irem em um psicólogo ou psiquiatra, Mizael responde. “Eu acredito muito que o que a gente está discutindo é sobre a área psíquica, sobre a mente e a alma. E a gente entende que sobre a alma, só quem pode falar sobre ela é o campo do sagrado e religioso. Tudo o que falar sobre a psique que não estiver numa linguagem cristã, ela vai ser denominada como uma corrupção. É o sagrado e o profano”, disse.
O remédio psiquiátrico nos impede de ouvir a voz de Deus?
“Deus vai ser impedido em algum momento de se manifestar a partir de uma atitude do homem? Deus pode ser impedido através de uma medicação? O quê que a gente está compreendendo de fato sobre como Deus se manifesta? As pessoas compreendendo que quando o remédio atua na área da mente, ele pode implicar na alma. Estamos falando de processo cognitivo. Ou seja, toda alteração neuroquímica. Se você está alegre ou triste, isso causa uma alteração neuroquímica. A depressão, a ansiedade e síndrome do pânico são alterações neuroquímicas que precisam ser reestabelecidas. A gente vai ter neurotransmissores como a dopamina, ocitocina que o aumento dela ou a diminuição dela no nosso organismo vai resultar nesse desequilíbrio de humor”, explanou.
Confira a entrevista na íntegra:
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