Igreja destruída no estado de Adamawa. (Foto: Reuters)
"Edifícios das igrejas estão sendo atacados",
disse um cristão local. "Um pastor me disse que não havia restado uma
única Bíblia — todas foram queimadas".
Durante anos de uma tentativa do grupo
terrorista Boko Haram em criar um califado, partes do estado de
Adamawa, no nordeste da Nigéria, já foram libertadas do domínio dos extremistas
por forças do governo. No entanto, agora que os civis começam a voltar para
suas casas, eles estão encontrando dificuldades para se adaptar à vida após a
insurgência.
"Ataques esporádicos do Boko Haram ainda continuam, mas
os cristãos que conheci voltaram para casa, apesar dos perigos. Pior ainda: o
Boko Haram tinha tudo, mas destruiu suas aldeias", disse Isaac (nome
fictício por motivos de segurança), que serve em uma igreja local.
"A primeira coisa que notei depois de chegar foi a
grande tensão emocional sobre os que retornaram. Por sorte, poucos
conseguiram se reunir com membros da família, mas muitas viúvas e órfãos
experimentaram de novo o que realmente significa a vida sem os seus entes
queridos", contou.
Isaac disse que muitos cristãos estavam ansiosos para voltar
para casa depois de viver em campos de refugiados, porque alguns tinham
"sido pressionados a se converter ao islamismo apenas para conseguir
alimentos".
"Estima-se que dois milhões de pessoas foram deslocadas
pelo Boko Haram no norte da Nigéria e que o governo quer que as pessoas a
voltem para suas casas, porque não tem condições de fornecer ajuda para
tantos", disse ele.
No entanto, o regresso para casa não tem sido fácil.
"Fugir da violência e voltar para as cidades fantasmas
foi algo muito duro para eles", disse Isaac. "O Boko Haram destruiu
comunidades inteiras — casas, escolas, centros de saúde e as igrejas
também não foram poupadas. As bombas de água foram sistematicamente destruídas
e os poços estão poluídos por que cadáveres foram jogados neles".
"Nas fazendas que foram abandonadas, as pessoas estão
sofrendo com a escassez de alimentos e desnutrição — especialmente as
crianças", explicou.
Em julho, a Unicef (agência de cuidado às crianças da ONU),
advertiu que quase 250 mil crianças estavam sofrendo com a desnutrição e
corriam risco de morte no estado de Borno— onde surgiu o Boko Haram. Além
disso, no estado vizinho de Adamawa, uma em cada cinco crianças corre o risco
de morrer.
Segundo o novo líder do Boko Haram, o plano do grupo
terrorista é destruir todas as igrejas do país e explodir todos os cristãos.
(Foto: Reuters)
Adamawa tem uma grande população cristã e o Boko Haram tem
marcado como alvo, sistematicamente, as igrejas e cristãs, desde que estourou a
revolta do grupo terrorista, em 2009.
"Edifícios das igrejas estão sendo atacados",
disse Isaac. "Um pastor me disse que não havia restado uma única
Bíblia— todas foram queimadas".
"Esta é uma das coisas mais dolorosas com a qual nós
temos que lidar — não temos a palavra de Deus em nossas mãos",
disse o pastor a Isaac.
No entanto, apesar das dificuldades, os nigerianos estão
tentando avançar, Isaac acrescentou. "Esses cristãos se recusam a
deixar que os desafios os impeçam de voltar para suas casas", disse ele.
Famílias estão reconstruindo casas temporárias de madeira,
grama e lama e as igrejas começaram a realizar os cultos novamente.
"Algumas foram reconstruídas, mas muitas outras não
podiam arcar com os custos. Sendo assim, seus membros estão se reunindo debaixo
de árvores ou se encontrando nas ruínas de seu antigo templo", disse
Isaac.
"Uma igreja já tinha suas paredes mais levantadas e
também estava sem o telhado. A congregação colocado qualquer coisa parecida com
um assento no chão para que pudessem realizar um culto. [...] O desespero foi
acompanhado pela determinação".
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY
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