Salmo de Davi. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhorpara todo o sempre” (Sl 23).
“Salmo de Davi”. O Salmo 23 certamente é o mais conhecido e afamado dos Salmos. Davi sabia do que estava falando ao utilizar a figura de um pastor apascentando ovelhas, pois essa era a sua profissão.
Quando o profeta Samuel quis ungir Davi como rei, foi necessário primeiramente chamar o jovem das suas atividades junto ao rebanho: “Perguntou Samuel a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, pois não nos assentaremos à mesa sem que ele venha” (1 Sm 16.11). O Salmo 78.70-71 se refere a isso, dizendo:“Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança”.
A Bíblia não menciona se Davi compôs o maravilhoso Salmo 23 enquanto estava apascentando o rebanho. Em todo caso, os pastos verdejantes, as águas de descanso, o bordão e o cajado eram elementos do dia-a-dia de um pastor de ovelhas.
Pensamentos introdutórios ao Salmo 23
Em diversas passagens bíblicas, que contém promessas, há uma chave para que se receba o que Deus promete nelas. Um exemplo clássico para isso é o Salmo 50.15: “E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (ARF). Essa promessa maravilhosa já ajudou a muitos filhos de Deus quando estavam em dificuldade. No entanto, é necessário ter uma chave para receber a bênção completa. Ela se encontra no versículo 14: “Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo”. A conjunção “e” (“e invoca-me no dia da angústia...” – ARF) mostra claramente a ligação entre esses dois versículos. Por isso, quem deseja que o Senhor o livre da dificuldade deve utilizar a chave da “porta da bênção”: “Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo”.
A chave para o Salmo 23
No Salmo 23.1 se encontra um testemunho significativo de Davi: “O Senhor é o meu pastor...”. Quem é o Pastor de Davi? É o Senhor! Às vezes nos esquecemos que Jesus Cristo não é apenas o Pastor dos Seus, mas também o Senhor. Todo o que crê nAquele que foi crucificado e que ressuscitou, foi comprado pelo Seu precioso sangue. Nos agrada que o Bom Pastor estende Sua mão protetora dia e noite sobre nós e nos dirige. Porém, nem sempre apreciamos o fato de que o Senhor tem o poder de intervir em todas as áreas de nossa vida.
O pastor guarda e protege o seu rebanho, ele dirige e conduz suas ovelhas com todo empenho e paciência, porém também espera que elas o sigam e lhe obedeçam. O mesmo acontece com os discípulos de Jesus. Isso aparece claramente nas Suas palavras, escritas em João 10, onde o Senhor fala da maravilhosa proteção: “Eu sou o bom pastor” (v.11,14), fala de Sua onisciência: “... conheço as minhas ovelhas...” (v.14),mas também fala da obediência do verdadeiro discípulo: “... as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz” (v. 3-4). E será que isso acontece na Sua Igreja ao redor do mundo? Não, infelizmente não! São muitas as ovelhas que, pouco a pouco, se perdem do caminho. Mas, quando um cristão se dá conta de ter-se afastado dEle – seja por pecado de pensamento, ação ou omissão – então só resta uma solução: voltar o mais rapidamente possível ao Bom Pastor, ao Senhor Jesus, e confessar o seu pecado, para que o Seu sangue possa purificá-lo de suas transgressões (cf. 1 Jo 1.7,9).
Em tempos antigos, Deus queixou-se do Seu povo Israel: “O meu povo tem sido ovelhas perdidas...” (Jr 50.6), e: “... se espalharam... minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes...” (Ez 34.5-6). Porque essas palavras tão sérias? Por que naquela ocasião o povo andava errante? Por que havia abandonado o seu Senhor e, assim, não tinha mais um verdadeiro pastor. Acontece assim até hoje: quando não se admite que Deus seja realmente o Senhor sobre todas as situações da vida, é possível que, eventualmente, não se sinta a presença do Bom Pastor.
Quando Jesus estava aqui na Terra, certa ocasião ficou muito triste ao olhar para o Seu povo Israel: “E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36 - ARF). Por que as ovelhas de Israel andavam “cansadas e desgarradas”? Porque elas se tornaram infiéis ao seu Senhor e assim também não tinham mais Pastor. Conclusão: Quem rejeita o Senhor, renuncia ao Bom Pastor.
Se você, em sua vida cristã, fizer a infeliz separação entre Jesus – o Pastor, e Jesus – oSenhor, amando o Pastor, mas não obedecendo ao Senhor, então não deve se admirar se não receber sempre a Sua proteção e cuidado. Acontece que o seu Bom Pastor deseja ser também o seu Senhor e, na vida cristã, não se deve separá-los.
Jesus nos explica essa verdade espiritual claramente: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15.15). Isso é um grande motivo de alegria para nós. Todavia, não somos “amigos” do Senhor de uma maneira qualquer, mas somente quando Lhe obedecemos: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14). Também nesse caso o versículo 14 serve de chave para o versículo 15. Jesus não é somente o Bom Pastor, que apascenta Suas ovelhas nos pastos verdejantes e as conduz às águas de descanso, porém Ele também é o Senhor que requer dedicação e obediência dos Seus amigos.
A mensagem mais ouvida, mundo afora, é que Deus é amor e misericórdia e que Ele tem prazer em perdoar. Só que isso é apenas um dos lados do Evangelho. A Palavra não diz apenas “Deus é amor” (1 Jo 4.16), mas também que “Ele é o Senhor, nosso Deus; os seus juízos permeiam toda a terra” (Sl 105.7).
Se você pertence ao rebanho de Cristo, por ter sido comprado através do precioso sangue de Jesus e se tornado propriedade dEle, eu lhe faço esta pergunta: Jesus, além de Bom Pastor, é também Senhor em sua vida? Ele é o Senhor em sua família, em seu matrimônio, sobre o seu tempo, em sua profissão, sobre as suas finanças, sobre o seu carro, sobre o seu corpo, sim, em todas as suas decisões? Sim? Então Jesus Cristo, o Bom Pastor, também é o seu Senhor, pois “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9). E assim você pode afirmar juntamente com Davi: “O Senhor é o meu Pastor”. (Marcel Malgo — Chamada.com.br)