A aeronave, onde estava Ebrahim Raisi e outras autoridades, caiu devido às más condições climáticas, informou a imprensa iraniana.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO G1 E CNN BRASIL
Ebrahim Raisi, presidente do Irã, morto em queda de helicóptero. (Foto: Wikupedia/X/Dataflixed)
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu aos 63 anos na queda de um helicóptero na manhã de domingo (19), em uma região montanhosa próxima à fronteira com o Azerbaijão.
Segundo a imprensa oficial, a aeronave sofreu o acidente devido às más condições climáticas, que apresentava chuva, ventos fortes e neblina espessa.
BREAKING: TRANSFERRING OF BODIES FROM HELICOPTER CRASH INVOLVING IRAN PRESIDENT RAISI pic.twitter.com/b8J78VC0S0— Sulaiman Ahmed (@ShaykhSulaiman) May 20, 2024
A bordo do helicóptero estavam Malek Rahmati, governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, e Hojjatoleslam Al Hashem, líder religioso e outros, totalizando oito pessoas.
A mídia estatal iraniana Press TV e as agências de notícias semioficiais Tasnim e Mehr relataram que todos os ocupantes do helicóptero morreram no acidente.
A queda do helicóptero ocorreu por volta das 13h (horário local, 6h em Brasília), mas a aeronave só foi encontrada cerca de 12 horas depois, na madrugada desta segunda-feira.
Além das dificuldades de acesso, o tempo ruim dificultava os trabalhos de resgate. O helicóptero foi avistado por integrantes do Crescente Vermelho iraniano após um drone, enviado pela Turquia com sensores de calor, identificar o local da queda.
Quem era Ebrahim Raisi
Sayyid Ebrahim Raisol-Sadati, conhecido como Ebrahim Raisi, nasceu em 14 de dezembro de 1960, em Meshed, uma cidade no nordeste do Irã, localizada perto da fronteira com o Turcomenistão.
Considerado um clérigo linha-dura muito próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ele iniciou sua carreira como promotor no início da década de 1980.
Em 1994, ele assumiu o cargo de procurador-geral de Teerã e, em 2019, foi nomeado chefe do Judiciário do Irã.
Ebrahim Raisi foi eleito presidente do Irã em 2021, vencendo no primeiro turno para um mandato de quatro anos. A eleição teve uma abstenção recorde, e diversos adversários foram impedidos de participar pelo Conselho de Guardiães da Constituição.
Muitos iranianos se recusaram a participar de uma eleição amplamente vista como manipulada. A adesão foi de apenas 48,8% dos eleitores, o menor índice de participação desde o estabelecimento da República Islâmica do Irã em 1979.
"Comissões da morte"
A trajetória de Raisi é marcada por polêmicas e ações contra seu próprio povo. Na década de 1980, ele participou das chamadas "comissões da morte", que resultaram na execução de cerca de 5 mil militantes opositores que se voltaram contra o regime dos aiatolás.
Sua atuação nos episódios de 1988, enquanto era promotor, fizeram com que em 2019, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionasse Ebrahim Raisi.
A sanção também se baseou em um relatório da ONU que indicava que o Judiciário iraniano havia aprovado a execução de pelo menos nove crianças entre 2018 e 2019.
Em 2022, sob o governo de Raisi, o Irã reagiu com violência a uma onda de protestos que pediam justiça por Mahsa Amini, uma jovem que morreu três dias após ser presa por não usar o véu de maneira adequada em público.
De acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana), mais de 500 manifestantes foram mortos durante esses protestos.
Na ocasião, Raisi afirmou que o Irã deveria "lidar de forma decisiva com aqueles que se opõem à segurança e à tranquilidade do país".
Atuação na Guerra de Israel
No plano internacional, o Irã vivenciou uma escalada de tensão com Israel. Em 1º de abril, um ataque israelense à embaixada iraniana na Síria matou sete membros da Guarda Revolucionária. Em resposta, em 13 de abril, o Irã lançou um ataque contra Israel, que retaliou em 18 de abril.
Há cerca de um mês, o Irã lançou dezenas de mísseis contra Israel e ameaçou usar arma inédita no ataque aos israelenses. Raisi disse que o Irã daria “uma resposta dolorosa” após Israel ter bombardeado a embaixada iraniana
‘Patrocinador mundial do terrorismo’
Vale lembrar que o Irã tem sido apontado como principal patrocinador mundial do terrorismo.
Por outro lado, especialistas dizem que o “arsenal sem brilho do Irã sinaliza como as suas aeronaves e defesas obsoletas não seriam páreo para as de Israel no caso de uma guerra em grande escala”.
“Penso que o ataque, que foi concebido para ser espetacular, mas não fatal, realmente expõe os limites da dissuasão do Irã”, disse Ali Vaez, que dirige o Projeto Irã no International Crisis Group.
Ele acrescentou que se o plano regional do Irã for diminuído, Teerã provavelmente considerará o plano final, que vem na forma de armas nucleares: “Eles nunca estiveram tão próximos”.
Cristãos no Irã
O Irã é predominante muçulmano é persegue as minorias religiosas, entre elas os cristãos.
Segundo um porta-voz do Departamento de Estado, “a perseguição aos cristãos e outras minorias religiosas no Irão é antiga e bem documentada. Os EUA continuam condenando estas ações e usando todas as ferramentas à nossa disposição para lidar com tais violações flagrantes”.
Recentemente, o relator especial da ONU, Javaid Rehman, disse à República Islâmica do Irã que “acabem com a criminalização da expressão pacífica da fé” e “abstenham-se de perseguir reuniões religiosas pacíficas em casas privadas e outras instalações”.
Apesar da forte perseguição e torturas, os cristãos crescem no Irã apontou um relatório de 40 páginas do Artigo 18.
“No final de 2023, pelo menos 17 dos cristãos presos durante o verão receberam sentenças de prisão entre três meses e cinco anos, ou punições não privativas de liberdade, como multas, flagelação e, num caso, o serviço comunitário de cavar sepulturas."
O relatório observou: “Apesar de um número comparável de cristãos presos em 2023 ao de anos anteriores – 166 prisões foram documentadas em 2023, em comparação com 134 em 2022 – menos nomes e rostos puderam ser divulgados”.
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