sábado, 3 de julho de 2021

Qual a origem dos conflitos entre Israel e Palestina?

Entenda como iniciou a luta pelo território e as consequências para os cristãos da região


Cristãos vivem no meio dos conflitos entre israelenses e palestinos (foto representativa)

Para entender a origem dos conflitos entre Israel e Palestina é necessário voltar um pouco na história. No ano zero do calendário cristão, a região onde se encontra Israel hoje era habitada pelos judeus, sob domínio do Império Romano. Mas 70 anos depois, a população se rebelou contra Roma, os judeus perderam e foram expulsos do território.

Porém, 60 anos depois, os judeus tentaram retomar o território mais uma vez e foram derrotados pelo imperador romano Adriano. Então, o local foi rebatizado de Palestina, em homenagem ao povo filisteu, inimigo dos judeus desde os tempos do Antigo Testamento. Logo, todos os que residiam na região eram conhecidos como palestinos, não importando se eram muçulmanos, cristãos ou judeus.

Em 1453, houve a queda do Império Romano, então a região passou a ser regida pelo Império Bizantino até a conquista do Império Turco-otomano, que manteve o controle até o final da Primeira Guerra Mundial. Mas como os otomanos de origem muçulmana lutaram ao lado dos alemães e perderam a guerra, o império foi dissolvido e a Palestina foi ocupada pelos britânicos entre 1917 e 1920.

Por que Jerusalém é considerada a Cidade Santa?

Jerusalém tem papel histórico e sagrado para os seguidores do judaísmo, cristianismo e islamismo. A cidade citada 632 vezes na Bíblia foi capital do reino de Davi no século 10 a.C., local da construção do Templo de Salomão e do Segundo Templo, erguido após o cativeiro na Babilônia. Na cidade também há o Monte do Templo, o Moriá, região onde Abraão sacrificaria Isaque segundo a cultura judaico-cristã. Entretanto, para os muçulmanos, o patriarca ofereceria a Alá o filho primogênito que teve com a escrava Hagar, Ismael.

A cidade de Jerusalém é sagrada e disputada por judeus, cristãos e muçulmanos

Outro ponto histórico judaico muito importante situado em Jerusalém é o Muro das Lamentações, que cercava o Segundo Templo destruído pelos soldados romanos do general Tito no ano 7. Para os cristãos, há outros locais importantes como a Igreja do Santo Sepulcro, lugar onde Jesus teria sido sepultado e ressuscitado. Outros pontos bastante visitados são o Cenáculo, onde acredita-se que tenha acontecido a Última Ceia, e o Gólgota, região onde aconteceu a crucificação de Cristo.

Já os muçulmanos consideram Jerusalém como a terceira cidade sagrada, ficando apenas atrás de Meca e Medina, onde Maomé recebeu as revelações do Alcorão. De acordo com a tradição islâmica, na Noite de Ascensão do profeta, ele foi transportado fisicamente de Meca com o anjo Gabriel até Jerusalém, em apenas uma noite. Por isso, foi construída sobre o Monte do Templo a mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, local de onde Maomé teria partido na viagem até os céus quando recebeu a ordem de orar cinco vezes ao dia.

Quando foi o início dos conflitos atuais?

Após a queda do Império Otomano, os britânicos ocuparam e prometeram o território tanto aos judeus como aos palestinos. Ambos os povos queriam criar os respectivos países no mesmo local. Para tensionar a situação, surgiu o sionismo, quando o jornalista húngaro e judeu Theodor Herzl propôs a criação de um Estado hebreu na palestina como solução à crescente aversão aos judeus na Europa.

Gerações de judeus disputam o território palestino na justiça israelense

Nessa época, os judeus começaram a retornar para a Palestina, tanto que a população judia em Jerusalém saltou de 6 mil pessoas em 1850, para mais de 32 mil em 1922. Todavia, os palestinos de origem árabe já estavam na região e aguardavam a criação do país, conforme a promessa britânica. Por consequência, em 1930, um movimento nacionalista árabe iniciou-se e agravou os conflitos entre os dois povos.

Em 1947, os britânicos entregaram o controle de Jerusalém à Organização das Nações Unidas (ONU). Então, a disputa pelo território terminou em uma assembleia no mesmo ano, que decidiu pela divisão da Palestina entre árabes e judeus, mas Jerusalém ficaria sob domínio internacional. Porém, os estados árabes não aceitaram a decisão, e quando o país Israel foi criado, em 1948, eclodiu a primeira Guerra Árabe-Israelense. Após os conflitos, os palestinos perderam boa parte da região e Jerusalém foi dividida entre israelenses e jordanianos.

Qual o motivo da onda de violência atual entre judeus e palestinos?

A nova onda de violência entre judeus e palestinos tem origem nas ameaças de despejo de famílias palestinas de Sheikh Jarrah, um bairro fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. O território está sendo disputado na Justiça de Israel por judeus que alegam ter comprado e morado no local em 1870, na época governado pelo Império Turco Otomano.

Em 1948, a Jordânia ocupou a parte Oriental de Jerusalém e construiu, junto com a ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), casas para abrigar 28 famílias palestinas refugiadas na região. Porém, os beneficiados nunca ganharam a posse definitiva da terra. Então, em 1967, quando Israel ocupou Jerusalém Oriental, os proprietários judeus entraram na justiça para reaver o território.

Como é a situação dos cristãos palestinos?

Todas as comunidades cristãs têm dificuldades para viajar por causa das restrições impostas pelas autoridades israelenses. Elas enfrentam também dificuldades econômicas e sociais por residirem em ocupações. Os líderes cristãos são hostilizados tanto por extremistas islâmicos quanto por judeus. Há também o preconceito das igrejas históricas em relação aos cristãos de denominações mais recentes.

Já na região de Gaza, a situação dos cristãos é ainda mais delicada, já que o território é comandado pelo partido político Hamas e a Cisjordânia é governada pelo Fatah. Por isso, a conversão de um muçulmano ao cristianismo é crítica e pode gerar perseguição da família, da comunidade e das autoridades.

Irmão André participa de inauguração de igreja na região de Gaza em 2005

De acordo com o Irmão André, fundador da Portas Abertas, os cristãos palestinos têm ressentimentos em relação à igreja ocidental: “Quando comecei de fato a conversar com esses cristãos, eles derramaram diante de mim a dor deles — especialmente a dor de não serem reconhecidos pela igreja ocidental como parte do corpo de Cristo”.

Segundo os irmãos palestinos, os cristãos do Ocidente são obcecados por Israel e o lugar dele na profecia bíblica, ignorando completamente a igreja no país, que é composta por 85% de cristãos árabes.

Eles também lamentam que os cristãos ocidentais ignorem o tratamento frequentemente desumano dispensado pelo governo israelense aos palestinos. “Parece sempre haver uma copiosa simpatia por Israel e com razão — quando essa nação é vítima de um ataque terrorista — mas os atos brutais de Israel contra os palestinos tendem a ser desculpados ou desapercebidos. Os cristãos palestinos às vezes são vítimas desse fogo cruzado, mas não têm quem os defenda ou apoie”, explica o Irmão André no livro O Contrabandista de Deus – desafiando os limites da fé.

Pedidos de oração

Ore pela paz entre Israel e Palestina, e para que os cristãos locais consigam testemunhar o amor de Jesus a todos.
Peça que os cristãos palestinos sejam sustentados por Deus em todas as necessidades e sejam tratados com respeito e justiça pelas autoridades israelenses e palestinas.
Clame para que mais muçulmanos e judeus tenham um encontro verdadeiro com Cristo e passem a ser discípulos locais.

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