A História do Carnaval remonta à Antiguidade,
tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e em Roma.
Sobre a origem da palavra Carnaval, não há unanimidade entre
os estudiosos. Há quem defenda que a palavra Carnaval é originária do latim, “carne
vale” cujo significado é (adeus carne!) ou de “carnis
levale” (supressão da carne). Esta interpretação da origem
etimológica da palavra “Carnaval” leva-nos, indubitavelmente, para o início do
período da Quaresma, uma pausa de 40 dias nos excessos cometidos durante o ano,
excessos esses que incluem, segundo a religião católica, a alimentação (carne).
Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que
esta derive de “currus navalis”, expressão anterior ao Cristianismo e que
significa carro naval. Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do
começo da Primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de
barco, tanto na Grécia como em Roma e, posteriormente, entre os Teutões.
Vejamos algumas festas que, possivelmente, originaram o que conhecemos como
carnaval:
- As Saceias (na Babilônia) – festas anuais
de verão - eram uma festa em que um prisioneiro assumia durante alguns
dias a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma
e dormindo com suas esposas. Durante cinco dias, os lacaios
tornavam-se iguais aos seus mestres. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e
depois enforcado ou empalado.
- A Saturnália era um festival
romano em honra ao deus Saturno que ocorria no mês de
dezembro, no solstício de inverno e durava uma semana. As Saturnálias tinham
início com grandes banquetes e sacrifícios; os participantes tinham o hábito de
saudar-se com io Saturnalia, acompanhado por doações simbólicas.
Durante estes festejos subvertia-se a ordem social: os escravos se
comportavam temporariamente como homens livres; elegia-se, à sorte, um "princeps"
- uma espécie de caricatura da classe nobre - a quem se entregava todo
o poder. Todos os homens, escravos ou cidadãos, ficavam em igualdade. As
barreiras jurídicas eram ficticialmente abolidas. Os escravos, portanto, não
precisavam trabalhar, podiam se vestir como seus senhores, participar das
refeições e jogar dados. Com essa inversão de valores “os soldados
travestidos escolhiam o rei das saturnais dentre os condenados através de
dados. Este rei usaria as insígnias de sua dignidade como o rei dos
gracejos e deboches. Após o festival o rei é morto e tudo volta à ordem.”
- Outro rito babilônico, que tinha como
fundamento a inversão, durava 11 dias e ocorria dentro do templo de Marduk,
o primeiro dos deuses mesopotâmicos.
No fim do quarto dia depois do equinócio da primavera, que marca o Ano Novo
babilônico, o sumo sacerdote despojava o rei de seus emblemas de poder. A
partir desse momento, o monarca era surrado e arrastado até a estátua divina.
A figura do governante humilhado revelava, então, seu objetivo moderador: o rei
se jogava no chão e declarava solenemente não ter abusado de seu poder em
relação à Marduk e seu templo, à cidade e a seus súditos. Era, em seguida,
novamente consagrado, em um ato que garantia a renovação e a justa reordenação
do todo o reino.
Alguns antropólogos vêem nesse antiquíssimo rito
mesopotâmico, e não nas Sacéias, a fonte do carnaval, que mais tarde seria
exportado pelos Persas ao Ocidente.
Outros deuses pagãos e reis contribuíram para enraizar as festas
carnavalescas no mundo.Na Assíria da Antiguidade, sempre em
março, acontecia a festa de Ísis, a divindade egípcia protetora dos
navegantes e talvez a de maior popularidade na sua região de influência. Seus
adoradores introduziram as máscaras na festa. Era com o rosto coberto que
marchavam em uma alegre procissão, na frente de um carro que
transportava uma barca, depois oferecida à deusa.
Curiosidade
O fim do festival e sua incorporação à outras
comemorações
A professora de Língua e Literatura Latina (Universidade
Federal do Espírito Santo) Leni Ribeiro Leite* afirma que a Saturnália foi
comemorada até a Era Cristã, mas com o nome de Brumália(ocorria no
início do inverno e era uma das festas em honra a Baco). Em meados do século IV
d.C., teria sido absorvida pela comemoração do Natal, havendo uma continuidade
na prática da troca presentes oriundas do festival. Alguns autores também
defendem a hipótese sobre haver uma relação entre a Saturnália e as
comemorações do carnaval, devido ao caráter de inversão da ordem social
ocorrido nos dias de festividades.
*está atualmente participando do Projeto Wikipédia
na Universidade.
O rei ou a rainha “dos gracejos e deboches”
Quem foi Momo?
Na mitologia grega, Momo (em grego Μωμος, Mômos,
"burla", "crítica" ou "zombaria" e em latim Momus)
é a personificação do sarcasmo, das burlas e de grande ironia,
sendo a deusa dos escritores e poetas.
Hesíodo (poeta
grego) contava que Momo (nome feminino, ao contrário do que se pensa) é
uma filha de Nix (a Noite).
A deusa grega Nix é a personificação da noite.
Uma das melhores fontes de informação sobre essa deusa provém da genealogia dos
deuses (Teogonia) de Hesíodo.
Momo - Durante seu reinado, era praticado, sob
o seu comando,todo tipo de orgia, bebedeira e lasciva. No término
das festividades, ou seja, no final do quarto dia, o rei Momo era sacrificado
de forma brutal no altar de Saturno.
Mas quem afinal é a entidade Momo?
Momo era o deus da irreverência, e irreverência, segundo os léxicos, é
sinônimo de desrespeito, profanação, sacrilégio, ofensa, desveneração e relaxo.
Na
Mitologia Grega, relata-se que,
por
ser irreverente e profanador, Momo teria sido expulso do Olímpio (local
onde os gregos acreditavam morar os deuses da sua mitologia). Mas porque
afirmar que essa entidade era cultuada em Roma se a sua origem é Grega?
Momo
é uma das formas de Dionísio, o deus Baco, patrono do vinho e do seu
cultivo (para os Romanos), daí também se origina o termo
Bacanal que
significa festas orgísticas.
Saturno (deus
cultuado nas Saturnálias) também é conhecido como o deus sol e
isso nos retrocede bem antes da época dos reinados Romano, Grego e Egípcio, nos
levando até um homem chamado Ninrode (Gênesis 10:8 a 12).
Ninrode = "ele se rebelou" ou
"rebelião"
Ninrode significa “ele se rebelou" ou "rebelião" ou
"Nós nos rebelaremos”. De fato, Ninrode era a personificação da rebeldia.
Embora a Bíblia diga que ele era um poderoso caçador diante do Senhor, apontava
apenas para a sua profissão. O fato de dizer que ele foi o primeiro poderoso na
Terra indica que foi o primeiro homem a exercer influência sobre os outros
homens. Saiba mais sobre Ninrode
Mas o que havia de comum nas festas?
O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao
carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a
transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao
deus. Possivelmente a subversão de papeis sociais no carnaval, como os homens
vestirem-se de mulheres e vice-versa, pode encontrar suas origens nessa
tradição mesopotâmica.
As associações entre o carnaval e as orgias podem ainda se
relacionar às festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas
dionisíacas, para os gregos). Seriam festas dedicadas ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio,
para os gregos), marcadas pela embriaguez e pela entrega aos
prazeres da carne.
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Escultura Saturnalia de Ernesto Biondi,
localizada no Jardim Botânico de Buenos Aires.
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Havia ainda em Roma, além das festas de
Saturnálias, as Lupercálias.
A festa da Lupercalia simbolizava a purificação que devia acontecer em Roma em
todo o final de ano (que começava em Março). Acredita-se que essa cerimonia,caracterizada
pela licenciosidade, servia para espantar os maus espíritos e
para purificar a cidade, assim como para liberar a saúde e a fertilidade
às pessoas açoitadas pelos lupercos.
Como descrito nos parágrafos anteriores, Saturnália ocorria no
solstício de inverno, em dezembro, e as Lupercálias, em fevereiro, que
seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas
duravam dias com comidas, bebidas e danças.
Mas tais festas eram pagãs. Com
o fortalecimento de seu poder, a Igreja não via com bons olhos as festas. Nesta
concepção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais,
pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se
também a relação entre Deus e o demônio.
A Igreja Católica buscou então enquadrar tais comemorações.
A partir do século VIII, com a criação da quaresma, tais festas passaram a ser
realizadas nos dias anteriores ao período religioso. A Igreja pretendia, dessa
forma, manter uma data para as pessoas cometerem seus excessos,
antes do período da severidade religiosa.
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Ilustração medieval simbolizando um carnaval do período
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Durante os carnavais medievais por volta do
século XI, no período fértil para a agricultura,homens jovens que se
fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos durante algumas
noites. O carnaval era basicamente uma festa de rapazes jovens. Vestidos de
mulher percorriam em grupos os sombrios campos, nas noites de lua cheia, com o
rosto enegrecido de fuligem ou sob panos. Alguns usavam as roupas pelo avesso
ou um simples saco grosseiro sobre o corpo. Acessórios comuns eram focinhos de
porco e capuzes de pele de coelho. Diziam-se habitantes da fronteira do
mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a
aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também
com os “beijos” das jovens das casas.
No oeste da França, também havia as festas com excessos de
violência e obscenidade, porém com fortes tentativas de controle por parte da
“igreja”, por exemplo, havia o jogo de soule –longínquo
ancestral do rúgbi –, em que todos os golpes eram permitidos. Assim, as
partidas da “terça-feira gorda” acabavam sempre em batalhas desordenadas.
Nos países germânicos, a vigilância foi muito mais rigorosa
do que na França, em particular em Nurembergue. A partir do fim do século XIV,
a duração do carnaval passou a se limitar aos três dias anteriores à quaresma,
quando em outras localidades a festa tendia sempre a ocupar mais espaço no
calendário.
A festa dos germânicos também foi contida na forma. Os desfiles foram
regulamentados, e as fantasias, proibidas, com severas punições aos
desobedientes. Em compensação, nasceu uma atração que duraria até a Renascença,
apesar da oposição dos luteranos a partir do século XVI: as rápidas
representações teatrais de rua. Os espetáculos eram feitos por
personagens fantasiados e competiam em obscenidade.
Durante o Renascimento, nas cidades italianas,
surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade
ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para
acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi.
Quadro de Johannes Lingelbach (1622-1674), Carnaval em
Roma,
exemplo de um carnaval da Commedia Dell'arte
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Em Roma e Veneza, os festejos celebravam vitórias
políticas do passado e outros feitos históricos. Usava-se
a bauta veneziana – uma capa de renda com capuz de seda negra,
que enquadrava o rosto e cobria os ombros. Os acessórios eram
um chapéu de três pontas e uma máscara branca. A fantasia permitia
a abolição temporária de diferenças sociais e, em alguns casos, o prazer
de uma perversão à sombra do anonimato.
O carnaval em Veneza começava em 26 de dezembro, com bailes nas grandes
praças da cidade. Prosseguia com festas, jogos, representações teatrais e
outros espetáculos até a terça-feira gorda. Varrido com a República nas guerras
napoleônicas do século XVIII, o carnaval de Veneza só foi efetivamente retomado
na década de 70 do século XX.
No Novo Mundo, o carnaval chegou junto com a bagagem dos
navegadores e exploradores, a partir do século XVI. Floresceu no Caribe, na
América Latina e no Brasil.
A história do carnaval no Brasil iniciou-se no
período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo,
uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos.
Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as
escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus, marchinhas, sambas e outros
gêneros musicais também foram incorporados e passaram a fazer parte da festa
“cultural” carnavalesca brasileira.
O
Carnaval (como o conhecemos hoje) tem a duração de três dias que vão do Domingo
Gordo à Terça-feira Gorda (Terça-Feira Gorda, também conhecida pelo
nome francês Mardi Gras).
O termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.
A quarta-feira seguinte, conhecida por Quarta-feira de
Cinzas (reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida) ou
Entrudo (do latim “introitus” que significa entrada), simboliza a entrada no
período da Quaresma, que antecede a Páscoa.
"Em outras palavras, em três dias o cidadão faz
tudo o que desagrada a Deus e, quando chega no quarto dia, recebe um sinal da
cruz 'de cinzas' na testa e está tudo perdoado. Agora é só aguardar o próximo
Carnaval! Que hipocrisia!"
Fontes: Wikipédia; passadocurioso-Curiosidades da
Historia; calendarr.com/Brasil;
canal da graça.com; Historia Viva -Carnaval reportagem de Véronique
Dumas-edição 64 Fevereiro 2009; BrasilEscola./carnaval. Fonte: http://oleirosdorei.blogspot.com.br/