Para minha esposa a forma de falar tem um poder que, pra
mim, é imensurável. A Kelly descobriu (e eu também) que, na definição de Gary
Chapman das linguagens emocionais em seu extraordinário livro “As Cinco Linguagens
do Amor”, ela se encaixa na linguagem descrita como “Palavras de Afirmação”.
Recordo-me do dia em que descobri o quanto isso era
relevante para ela. Éramos recém-casados e a Kelly estava no último ano da
faculdade e tinha que entregar uma monografia. O prazo estava chegando ao fim
mas ela estava com dificuldades de concluir o trabalho; embora tivesse
escolhido um excelente tema a ser abordado, respaldado por muito boas
literaturas, corroborado por uma extraordinária pesquisa de campo, ela simplesmente
não conseguia terminar. Ela olhou para mim, profundamente desanimada, e disse
que estava pensando em desistir pois não se achava capaz de levar a monografia
ao fim. Levei um choque com as palavras dela e, sem pensar em nada, sem
premeditar nenhum momento de incentivo ou coisa do gênero, sem usar nenhum tipo
de psicologia motivadora, apenas retruquei com indignação:
“Você é elogiada pelos professores em suas apresentações na
escola desde a infância até a faculdade. Já é professora há anos e excelente
comunicadora. Escolheu um dos melhores assuntos possíveis e, respaldou seu
argumento com literatura de respeito, com pesquisas de campo e tantas
inovações. Você conseguiu me impressionar e cativar com o assunto de forma
impressionante e deixou sua orientadora ainda mais impressionada. Meu amor, se
há alguém capaz de fazer bem este trabalho nesta terra, é você!”
Chegou a ser divertido a instantânea transformação da sua
fisionomia e olhar. É como se, sem palavra alguma, ela estivesse gritando: “É
verdade, eu sou capaz! Eu posso, eu consigo!” Naquele instante ela correu para
o computador do escritório e ficou por ali algumas horas. Quando levantou-se
bradou com ares de celebração: “Terminei! Está pronta! e ficou muuuuuuuuuito
bom!”
A FORMA CORRETA DE FALAR
Ao falarmos sobre os deveres dos cônjuges também precisamos
reconhecer que, se uma responsabilidade é negligenciada por um dos cônjuges, o
outro tem todo o direito de reivindicar seus direitos. Mas há uma forma correta
de fazê-lo. Críticas contínuas, reclamações repetitivas e cobrança ininterrupta
certamente não irão ajudar o casamento de ninguém a ser aperfeiçoado. A melhor
maneira de ajustar a questão dos deveres de cada um é através de conversa
franca e de encorajamento!
Portanto, devemos aprender a falar com o cônjuge de forma
correta. Não estou dizendo que nunca podemos criticar o comportamento do outro,
pois falar a verdade é bíblico, bem como repreender a quem está no erro.
Contudo, as Escrituras nos ensinam a seguir a verdade EM AMOR (ef 4:15) e é
justamente aqui que encontramos o grande diferencial! A orientação bíblica é
que nossas palavras sejam SEMPRE agradáveis:
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,
para saberdes como deveis responder a cada um.”Colossenses 4:6
Além de agradável, nossa palavra deve ser temperada com sal.
Isto fala de sabedoria de medir as palavras antes de serem ditas. Temperar a
comida é uma arte; com pouco sal ela fica sem graça, com muito fica ruim. Assim
como o sal tem que ser bem dosado, a nossa forma de falar também o deve. E o
“tempero” não é generalizado; precisamos saber como responder a cada um. Cada
pessoa tem a sua própria estrutura e jeito de ser; cada um tem seus limites e
emoções diferenciados. Portanto, o “tempero” na hora de falar também deve ser
personalizado.
Quero destacar que o propósito de compartilhar estas
verdades não é trazer peso de culpa ou condenação a ninguém. Sei que tenho
progredido nesta área desde o início do meu casamento até agora; mas também sei
que ainda preciso crescer muito! Porém, se não chegarmos a conhecer estas
verdades e não nos mantermos conscientes delas depois de tê-las conhecido, não
seremos moldados por Deus em nossa forma de agir. Precisamos gastar tempo em
meditação nestes assuntos da Palavra do Senhor; precisamos orar para que haja
amadurecimento nesta questão. Portanto, espero encorajá-lo no Senhor a buscar
mudança e transformação em vez de despertar o desânimo por não ter ainda
alcançado o alvo.
“Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma
e medicina para o corpo” Provérbios 16:24
Descobri também, com o tempo, que não eram apenas as
palavras de elogio e incentivo que exerciam grande influência sobre minha
esposa. As críticas eram devastadoras para sua alma. Eram o tipo de palavras
que exerciam o tipo de resultado inverso ao da monografia. Porém, ainda assim,
eu sempre argumentava com ela e defendia a ideia de que a verdade tem que ser
dita e que quem está errado te que ser corrigido. A Kelly, por sua vez, dizia
que não era contra a crítica e a correção em si, mas com a maneira como eu
fazia aquilo. E repetia sempre:
“Não é o que você fala que me aborrece, é como você fala”.
Confesso que, para mim, era muito difícil entender isto. Um
dia ela me pediu:
“Quando você quiser me corrigir, bem que você poderia
começar e terminar com um elogio. Ficaria bem mais fácil”.
Retruquei imediatamente que isto era psicologia barata e que
eu me recusava a jogar este tipo de jogo e fazer aquilo. Porém, um tempo
depois, em meu momento de oração tive uma experiência constrangedora com Deus.
Enquanto orava, tive uma forte impressão em frase muito nítida ecoava dentro de
mim:
“Por que você Me acusou de usar de psicologia barata no
trato com as pessoas?”
Rapidamente respondi que não tinha feito aquilo com o
Senhor. Mas a impressão continuava ‘falando’ dentro de mim:
“Você disse à sua esposa que elogiar antes e depois de
corrigir é usar de psicologia barata. E, se você examinar as sete cartas às
igrejas da Ásia no livro de Apocalipse, vai descobrir que Eu agi exatamente
desta forma. Logo, você me acusou de usar de psicologia barata!”
Fiquei chocado. Pedi perdão a Deus. Fui ler as cartas do
Apocalipse e constatei a forma como Jesus se dirigiu às igrejas da Ásia: elogio
primeiro, correção depois e elogio para finalizar! Por exemplo, veja a carta
dirigidaà Igreja de Éfeso:
ELOGIO: “Conheço as
tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar
os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os
achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não
desfaleceste” (Ap 2.2,3).
CORREÇÃO: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu
primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as
primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o
teu candeeiro, se não te arrependeres.” (Ap 2.4,5).
NOVO ELOGIO: “Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos
nicolaítas, as quais eu também aborreço.” (Ap 2.6)
Você vai encontrar o mesmo princípio do elogio ou
encorajamento antes da correção sendo aplicado por Jesus nas demais cartas às
igrejas da Ásia. Precisamos aprender a usar nossas palavras para produzir
encorajamento. Muita gente só causa ruína quando abre sua boca! Mas os justos
tem uma forma de falar que fortalece:
“As palavras dos justos dão sustento a muitos, mas os
insensatos morrem por falta de juízo”.
Provérbios 10:21
Tenho aprendido muito destas verdades com o Pastor Abe Huber
que, mais do que apenas ser um cavalheiro, alguém polido e bem educado, reflete Jesus na sua forma de tratar as
pessoas. Ele, na condição de líder e discipulador, também tem que corrigir as
pessoas. Mas ensina a melhor forma de fazê-lo dando o exemplo do sanduíche. Ele
diz que a correção deve ser algo parecido com o hambúrguer: deve ser servido no
meio do pão. Assim como o hambúrguer tem um pedaço de pão de cada lado, a
correção deve ser acompanhada de elogios antes e depois da correção…
Isto, além de nos levar a praticar o falar de modo agradável
(que é uma ordem bíblica, não uma mera sugestão – Cl 4.6), também vai encorajar
a pessoa corrigida — em vez de só desanimá-la. Pois como disse Charles H.
Spurgeon, conhecido como o príncipe dos pregadores: “A repreensão não deve ser
um balde de água fria para congelar o irmão, nem água fervente para queimá-lo”.
Nenhum relacionamento sobrevive só de elogios. As pessoas
são falhas, imperfeitas, portanto erram. Quando alguém erra precisa ser
corrigido! Porém, ninguém precisa ser desagradável, mesmo que tenha correção ou
críticas a fazer. A orientação bíblica não limita o quê falar ao seu cônjuge, mas
modera como você falará com ele!
“A boca do justo produz sabedoria, mas a língua da
perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a
boca dos perversos, somente o mal”. Provérbios 10:31,32
ENCORAJAMENTO
Lamentavelmente alguns realmente acreditam que ninguém
precisa de incentivo e encorajamento, mas não é isso que o Criador pensa – e
ninguém questiona que Ele entende bem sobre o homem (melhor que o próprio
homem).
Basta perceber quantas vezes as Sagradas Escrituras mostram
o próprio Deus encorajando seus servos para entender isto! Observe, por
exemplo, como o Senhor fala com Josué:
“Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como
fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.
Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que
jurei a seus pais lhes daria. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo;
não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por
onde quer que andares.” Josué 1:5,6,9
O que o Senhor está dizendo a Josué, seu servo, é
basicamente o seguinte: “Você pode, você consegue! Você não está sozinho para
cumprir esta missão, Eu estou contigo e te capacito. Seja forte e se atreva a
confiar que Eu te usarei para levar este povo a desfrutar da promessa que está
nação aguarda por séculos…”. Isso é que é encorajamento! Quase consigo ouvir um
brado dos céus a Josué: “Você é o cara!”
Também deveríamos levar em conta que Deus trabalha a questão
motivacional. É só olhar para as abundantes promessas de recompensa aos que O
servem! Além do Senhor encorajar-nos ao trabalho mostrando-nos que podemos
cumprir aquilo que nos foi confiado (nossa capacidade de resultado), Ele também
motiva-nos lembrando continuamente que haverá galardão, recompensa (que ao
final olharemos para trás reconhecendo que valeu a pena todo esforço e
dedicação).
Se o Senhor demonstra (em suas conversas e promessas) que o
ser humano precisa de encorajamento e motivação para realizar a Sua obra,
precisamos entender que isto revela não apenas uma característica divina – que
devemos imitar (Ef5.l) como também uma necessidade humana de receber
encorajamento e motivação – que devemos compreender melhor.
O PODER DE NOSSAS PALAVRAS
Nossas palavras tem o poder de curar e de ferir. Mas não
podemos usá-las de qualquer forma. O justo e o ímpio se distinguem em muitas
coisas e, de acordo com a Palavra de Deus, não é só no seu caráter e atitudes,
mas também na forma de falar:
“A boca do justo é manancial de vida, mas na boca dos
perversos mora a violência”. Provérbios 10.11
Da boca do justo jorra vida; ou seja, palavras que
vivificam, que comunicam vida espiritual (e mesmo emocional). Por outro lado,
da boca do ímpio flui violência (palavras que ferem, que matam). De acordo com
este texto, a violência no lar não é só física, mas também verbal. E pior: é
uma característica do comportamento do ímpio. Confirmando esta verdade (que
palavras ferem ou curam) a Bíblia ainda afirma:
“Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a
língua dos sábios é medicina”. Provérbios 12.18
Nossas palavras possuem um poder maior do que conseguimos
mensurar. Elas podem produzir vida ou morte! E isto se aplica a qualquer área
da vida de alguém, embora aqui estejamos chamando atenção para o poder das
palavras em nossa relação conjugal:
“A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a
utiliza come do seu fruto.” Provérbios 18.21
Precisamos ter o cuidado com a forma de falar, pois, a
maneira errada de falar não trará dano só a quem nos ouve. O problema também
nos atinge! O livro de Provérbios mostra que guardar a boca (as palavras) é
conservar a alma; por outro lado, o muito abrir os lábios (falar demais) traz
ruína para quem fala:
“Do fruto da boca o homem comerá o bem, mas o desejo dos
pérfidos é a violência. O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que
muiito abre os lábios, a si mesmo se arruína” Provérbios 13.2,3
Há momentos em que o silêncio é a maior expressão de
sabedoria. Falar com o coração irado ou exasperado nunca fará bem a ninguém
(nem ao que fala). Na hora das emoções alteradas devemos reter as palavras;
quando o espírito estiver sereno, aí é inteligente falar:
“Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de
espírito é homem de inteligência”. Provérbios 17.27
As Escrituras ainda nos revelam que falar de modo sereno
traz cura, enquanto que a língua perversa, por sua vez, traz mal trato ao
íntimo (quebranta o espírito):
“A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas aboca dos
insensatos derrama a estultícia. A língua serena é árvore da vida, mas a
perversa quebranta o espírito”. Provérbios 15.2,4
“O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a
seu tempo, quão boa é”. Provérbios 15.23
CONSEQUÊNCIAS DA NOSSA FORMA DE FALAR
A maneira que adotamos de falar, produzirá consequências. A
consciência deste fato pode nos ajudar a refletir sobre a forma correta de
falar e, assim, evitarmos muitos transtornos e dissabores nos relacionamentos.
“A reposta branda desfia o furor, mas palavra dura suscita a
ira” Provérbios 15.1
Quando alguém já está emocionalmente alterado, a maneira
branda de falar irá aplacar seu sentimento e, de acordo com a Palavra de Deus,
desviar seu furor. Por outro lado, uma palavra dura irá suscitar a ira.
Portanto, precisamos aprender com a sabedoria bíblica (bem como com a humildade
de Cristo) a sermos brandos em nossa forma de falar.
É por isso que a maior parte das tentativas de discutir a
relação terminam em briga. As emoções já encontram-se carregadas e, para
piorar, as palavaras duras só aumentam a ira já represada dentro do cônjuge.
Depois de muitos anos de ministério pastoral comecei a
entender um pouco mais do porque as mulheres se queixam
tanto com seus maridos sobre a forma de falar. A célebre
frase “não é o quê você fala e sim como fala que incomoda” repetida pelas
esposas em todos os lugares, é mais do que uma grande coincidência. É um fato!
A forma de falar tem sido um grande problema para os relacionamentos,
especialmentea forma de falar dos maridos!
Não adianta ser excessivamente duro em exercitar direitos e
opiniões. Muitas vezes, as consequências de nossa falta de sensibilidade no
falar são desastrosas! Como disse antes, tenho aprendido muito nesta área com o
pastor Abe Huber, meu discipulador. Primeiramente tenho
aprendido muito através de sua conduta exemplar nesta área, mas também tenho
crescido por meio dos preceitos ensinados. Nunca esqueço o dia em que, pela
primeira
vez, o ouvi ensinando sobre este assunto. Ele falou acerca
dos efraimitas e sua forma tempestiva de agir e também falou sobre como dois
líderes em Israel lidaram de forma tão diferentes com estes homens da tribo de
Efraim.
A primeira situação acontece com Gideão, logo depois dele
vencer os midianitas e trazer livramento a Israel. Os homens da tribo de Efraim
reclamaram com ele por não terem sido convocados para a guerra, mas ele os
abrandou com a sua palavra:
“Então os homens de Efraim lhe disseram: Que é isto que nos
fizeste, não nos chamando quando foste pelejar contra Midiã? E repreenderam-no
asperamente. Ele, porém, lhes respondeu: Que fiz eu agora em comparação ao que
vós fizestes? Não são porventura os rabiscos de Efraim melhores do que a
vindima de Abiezer? Deus entregou na vossa mão os príncipes de Midiã, Orebe e
Zeebe; que, pois, pude eu fazer em comparação ao que vós fizestes? Então a sua
ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.” Juízes 8.1-3
Em outra ocasião, Jefté, também juiz em Israel, teve que
lidar com a mesma atitude dos efraimitas. Porém, sua maneira de falar com eles
e lidar com a questão foi bem diferente da de Gideão. O resultado? Uma tragédia
nacional! Uma guerra civil que custou a morte de mais de quarenta mil pessoas:
“Então os homens de Efraim se congregaram, passaram para
Zafom e disseram a Jefté: Por que passaste a combater contra os amonitas, e não
nos chamaste para irmos contigo? Queimaremos a fogo a tua casa contigo.
Disse-lhes Jefté: Eu e o meu povo tivemos grande contenda com os amonitas; e
quando vos chamei, não me livrastes da sua mão. Vendo eu que não me livráveis,
arrisquei a minha vida e fui de encontro aos amonitas, e o Senhor mos entregou
nas mãos; por que, pois, subistes vós hoje para combater contra mim? Depois
ajuntou Jefté todos os homens de Gileade, e combateu contra Efraim, e os homens
de Gileade feriram a Efraim; porque este lhes dissera: Fugitivos sois de
Efraim, vós gileaditas que habitais entre Efraim e Manassés. E tomaram os
gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e quando algum dos fugitivos de
Efraim dizia: Deixai-me passar; então os homens de Gileade lhe perguntavam: És
tu efraimita? E dizendo ele: Não; então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete;
porém ele dizia: Sibolete, porque não o podia pronunciar bem. Então pegavam
dele, e o degolavam nos vaus do Jordão. Cairam de Efraim naquele tempo quarenta
e dois mil.” Juízes 12.1-6
Gideão, com sabedoria, conseguiu abrandar o coração dos
efraimitas e evitou derramamento de sangue. Jefté se viu na obrigação de se
defender e sustentar o seu direito e causou um grande banho de sangue.
No Novo Testamento também vemos que a inflexibilidade trouxe
grande dano à Igreja de Jesus, separando dois gigantes do apostolado aos
gentios: Paulo e Barnabé…
“Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a
visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do
Senhor, para ver como vão. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado
Marcos. Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde
a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho. E
houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando
consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas,
partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.” Atos 15.36-40
Barnabé queria dar uma segunda chance a João Marcos, uma vez
que, na primeira viagem missionária, ele havia desistido logo no começo. Paulo,
por sua vez, acreditava que, justamente por ter desistido, Marcos não poderia
ir nesta segunda viagem missionária. Vejo gente advogando a
causa dos dois lados. Há quem defenda o coração de Barnabé como quem acredita
nos outros e há quem defenda a coerência de Paulo de que viagem missionária
não é brincadeira e que, pelo comportamento errado da
primeira viagem, Marcos ainda não estava pronto para a nova convocação.
Eu, particularmente, vejo um pouco de razão em cada um. Mas
a questão não é quem tem a razão; trata-se de sensibilidade. Cada um foi
inflexível em seu posicionamento e, pela discussão de quem seria (ou não) um
ajudante a mais, perderam a companhia principal, a parceria que Deus havia
gerado desde o início (At 13.2). É preciso entender que o relaciona mento vale
mais do que se ter a razão na discussão.
Sabemos que depois houve algum concerto entre eles, pois
Paulo, muitos anos depois, fala de Marcos como tendo sido reintegrado à equipe:
“…Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil
para o ministério” (2 Tm 4.11).
Que o Senhor nos dê graça e nos ensine a comunicar com nosso
cônjuge segundo o Seu coração e os princípios da Sua Palavra.
(Extraído do livro “O Propósito da Família“, de Luciano
Subirá)