Na última semana, José Serra disse a Lucena que o Brasil está trabalhando para que a Unesco aprove a decisão mais equilibrada e imparcial sobre a preservação do patrimônio cultural e religioso da Palestina.
O deputado federal Roberto de Lucena cobrou explicações do Ministério das Relações Exteriores. (Foto: Luis Macedo/ASCOM/CD)
O Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aprovou na última quarta-feira (26) uma nova resolução que volta a ignorar os laços judeus com o Monte do Templo, considerando para o local apenas os nomes muçulmanos.
Preocupado com o voto do Brasil em favor da moção iniciada pelos palestinos nas duas últimas sessões do Conselho Executivo da Unesco, o deputado federal Roberto de Lucena (PV/SP) cobrou explicações do Ministério das Relações Exteriores quanto ao posicionamento do país em relação à Israel.
“Quase ¼ da população brasileira é evangélica e Israel é a segunda casa de cada cristão. Como evangélico, cristão e deputado, não posso compactuar nem apoiar qualquer governo que aprove um texto parcial e desequilibrado, claramente prejudicial a Israel”, declarou o parlamentar.
Em uma reunião promovida na última quinta-feira (27) no gabinete do ministro das Relações Exteriores, José Serra, o parlamentar disse a Lucena que o Brasil está trabalhando para que a Unesco aprove a decisão mais equilibrada e imparcial sobre a preservação do patrimônio cultural e religioso da Palestina.
Para o governo brasileiro, o texto aprovado recentemente — embora ainda não seja o adequado — representou um avanço em relação ao aprovado anteriormente, de acordo com funcionários do Itamaraty. Segundo o departamento, o novo texto passou a reconhecer os vínculos das três religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo) com a Cidade Velha de Jerusalém, dando um primeiro passo rumo a uma abordagem mais isenta e construtiva sobre o tema.
Em abril deste ano, ainda sob o governo de Dilma Rousseff, o posicionamento do Brasil durante a 199º Sessão Deliberativa do Conselho Executivo da Unesco foi contrário à Israel. Na 200ª sessão do Conselho Executivo da Unesco, realizada neste mês, o tema foi conduzido pelo atual governo com uma nova postura, a fim de que a revisão do texto fosse aprovada.
Ainda assim, a resolução manteve problemas e uma linguagem parcial, principalmente ao atribuir exclusivamente a Israel o ciclo de violência na região. Diante disso, Lucena está mobilizando as bancadas evangélica e católica, o Grupo de Amizade Brasil-Israel e as lideranças evangélicas de todo o país para acompanhar de perto este assunto.
“Vamos acompanhar de perto todas as ações do governo brasileiro referentes a este tema, na expectativa de que o texto continue evoluindo para o adequado e justo”, disse o parlamentar.
O próximo encontro do Comitê Executivo da Unesco, a 201ª Sessão Deliberativa, irá acontecer no primeiro semestre de 2017. O Itamaraty afirma que o Brasil está trabalhando, juntamente com outros países membros do Comitê, para que o texto da resolução sobre a preservação do patrimônio na região evolua ainda mais, a fim de que os pontos conflitantes e mais complexos, considerados excessivos, possam ser revistos.