Em 2015, 21 cristãos foram mortos por militantes do Estado Islâmico
As famílias só puderam enterrar os cristãos decapitados na Líbia três anos depois do atentado foto: Portas Abertas
Há dez anos, em 15 de fevereiro de 2015, o mundo testemunhou uma tragédia que se transformou em um testemunho de fé inabalável. Vinte e um cristãos, 20 egípcios coptas e um ganês, foram martirizados nas margens de Sirte, na Líbia, por militantes do Estado Islâmico. Suas vidas terrenas terminaram em brutalidade, mas eles entraram na eternidade em triunfo, coroados com a glória do céu.
Esses homens eram trabalhadores comuns, operários da construção civil que deixaram o Egito em busca de melhores oportunidades para sustentar suas famílias. Naquele dia fatídico, sob o sol brilhante e ao lado das ondas serenas e da areia silenciosa da praia de Sirte, eles estavam vestidos de laranja, enfrentando seus captores vestidos de preto. Capturados mais de um mês antes, eles haviam suportado prisão, tortura e medo, mas mantiveram a fé inabalável.
Recentemente, parceiros locais da Portas Abertas visitaram as famílias que perderam entes queridos no atentado. Samir, pai do cristão Girgis, lembra de cada detalhe relacionado ao filho, cada conversa, momentos de medo e tristeza. Toda vez que seus olhos viam os retratos do filho na sala era como se ele revivesse as lembranças do filho todas as noites antes de dormir.
Um exemplo poderoso de perdão
“Girgis tinha apenas 24 anos quando foi sequestrado e decapitado. Estava noivo e planejava se casar em agosto daquele mesmo ano, quando finalmente planejava voltar da Líbia para o Egito para sempre. Girgis está com Jesus, e isso é o que importa agora. Eu sinto falta dele a cada segundo”. E então, as palavras mais poderosas de todas: “eu perdoei os militantes que mataram meu filho. Eles não sabiam o que estavam fazendo”, afirma o pai do cristão.
No início, ele admitiu, estava perdido na dor, incapaz de pensar em qualquer outra coisa. Mas com o tempo, entendeu: “meu filho é um mártir por Jesus, e isso é uma bênção. Eu oro por aqueles que o mataram, para que possam ver a verdade e seguir a luz”. O perdão é uma convicção compartilhada entre todas as famílias que perderam entes queridos no ataque na Líbia. A dor é outro fio comum, mas a fé deles supera tanto a dor quanto a raiva.
A poucos passos dali, parceiros da Portas Abertas foram à casa de Loka, outro cristão decapitado. Ele tinha 27 anos, era marido e pai, e havia viajado para a Líbia para sustentar a família. As fotografias nas paredes carregam histórias. Uma foto mostrava-o deitado em um caixão.
Enterrados em vala comum
Quando o Estado Islâmico decapitou os 21 homens, lhes negaram um sepultamento digno. Sem caixão, sem orações, sem funeral. Os corpos foram descartados em uma vala comum. Três anos depois, um dos militantes capturados revelou a localização onde os mártires haviam sido escondidos e os restos mortais foram finalmente devolvidos ao Egito.
O orgulho era evidente no rosto de Nagaty, pai de Loka. Ele caminhava pela vila com a cabeça erguida, não porque o filho havia morrido, mas porque Loka não vacilou. Ele não escondeu sua fé, não negou a Cristo e não fugiu. Ele permaneceu firme, abraçando a fé mesmo diante da tortura e da morte.
“Eu ouvi sua voz, chamando o nome de Jesus pouco antes da decapitação. Era a voz dele. Eu o reconheci. E fiquei aliviado. Ele foi fiel. Jesus estava com ele o tempo todo. E agora, ele está com Jesus. O que mais um pai poderia pedir?”, testemunha Nagaty.
Para Nagaty, não há maior realização do que saber que seu filho permaneceu firme em sua fé e agora está com o Senhor. Nesta vila, há uma reverência não dita, uma honra dada àqueles que suportaram um dos atos de perseguição mais cruéis e dolorosos. É um pequeno conforto, um alívio silencioso, para as famílias que perderam tanto.
O 10º aniversário dos mártires coptas na Líbia é um marco solene, um momento para honrar esses homens que testemunharam Cristo até a morte. Mas também é um lembrete: nem todos são chamados a morrer por sua fé, mas todos são chamados a vivê-la corajosamente.
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