Num país onde a Igreja não existe, se tornar cristão é um desafio que pode levar à morte.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE PORTAS ABERTAS
Cristãos somalis enfrentam o preconceito de extremistas islâmicos. (Foto: Portas Abertas)
POPULAÇÃO: 16,1 milhões
CRISTÃOS: Algumas centenas
RELIGIÃO: Islamismo
GOVERNO: República parlamentarista
LÍDER: Mohamed Abdullahi Mohamed
POSIÇÃO: 3º lugar na Lista Mundial da Perseguição
A República Federal da Somália, como é conhecida oficialmente, é uma nação localizada no Chifre da África. Antigamente, era um país conhecido por seu comércio relevante no mundo inteiro, fornecendo incenso, mirra e especiarias.
Tornou-se independente, em 1960, quando os protetorados britânico e italiano se uniram. Em 1969, o governo militar do presidente Siad Barre ganhou o poder, introduzindo o socialismo científico no país. Durante esse processo, propriedades de missões cristãs e igrejas, incluindo escolas e hospitais, foram apreendidas e os cristãos expulsos do país.
Uma nova lei, introduzida em 1974, deu às mulheres os mesmos direitos de herança que os homens. Líderes islâmicos que pregavam contra esse novo decreto foram presos ou executados. Essa natureza secular e reformista do governo terminou por abalar a identidade islâmica do povo somali. Isso resultou no surgimento e crescimento de uma militância islâmica radical.
Essas organizações, então, almejaram tornar a Somália em um Estado islâmico. O regime de Siad Barre e os militantes islâmicos compartilhavam seu maior inimigo: os cristãos. Durante o governo de Barre, extremistas usaram de sua influência para incentivar o governo a proibir a impressão, importação, distribuição e venda de literatura cristã no país.
Além disso, o Serviço de Segurança Nacional ameaçava, prendia, torturava e assassinava cristãos somalis. Outros perderam seus empregos e negócios. O país se transformou em um centro para o islamismo militante e lar de terroristas.
Pressão aos cristãos em nível extremo
Cristãos ex-muçulmanos enfrentam a pior forma de perseguição e são considerados um alvo de alto valor para as operações do Al-Shabaab. Na história recente do país, os convertidos a Jesus, ou acusados de se converter, têm sido assassinados imediatamente quando descobertos.
É impossível admitir publicamente a fé cristã na Somália, e a igreja não existe. Isso acontece porque o islamismo é considerado uma parte crucial da identidade somali e, se houver suspeita de que algum nativo tenha se convertido ao cristianismo, ele estará em grande perigo.
Como as mulheres cristãs são perseguidas
As mulheres cristãs podem ser agredidas sexualmente e casadas à força. As ex-muçulmanas mais jovens estão entre as mais vulneráveis na Somália. É comum que uma mulher suspeita de ser cristã seja agredida sexualmente, humilhada em público e até morta.
Não existem leis que tratam da violência doméstica e quase todas as mulheres somalis levam uma vida pré-determinada, com pouca possibilidade de mudança para crenças ou expressões pessoais.
Desafios para os homens cristãos
Todos os cristãos ex-muçulmanos na Somália enfrentam perseguição extrema. Na cultura somali, os homens são vistos como líderes que devem representar a fé islâmica e determinam a crença dos familiares.
Há muita pressão sobre os suspeitos de conversão, que podem ser obrigados a liderar as orações na mesquita, deixar a barba crescer, se casar com mais de uma esposa ou realizar rituais islâmicos em público.
Quando são descobertos, os cristãos têm a herança negada; quando meninos, não recebem educação e são levados para centros de reabilitação islâmicos, onde são forçados a se juntar às milícias islâmicas.
Nacionalismo religioso
Quem nasce na Somália é considerado um muçulmano. Abandonar a religião nacional é praticamente um crime. Os seguidores de Jesus são considerados “alvos preciosos” pelos jihadistas, que muitas vezes executam os “infiéis” no mesmo instante em que são descobertos.
Não há perspectiva de melhoras, pelo contrário, nos últimos anos a situação parece ter piorado na Somália. Os militantes islâmicos intensificaram os ataques aos cristãos, principalmente aqueles em posição de liderança.
Mesmo assim, os poucos cristãos somalis continuam firmes em sua fé. “Estávamos todos mortos, mas Jesus veio para nos salvar e nos dar uma nova vida. Deixo minha vida nas mãos dele. Estou tão entusiasmada que Deus está comigo onde quer que eu esteja; também estou feliz porque o Senhor ouve minhas orações”, disse Momina, cristã perseguida no Chifre da África.