Censo 2010 aponta migração
de fiéis da Universal do Reino de Deus para outras igrejas evangélicas
Dados do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira
(29), mostram que a Igreja Universal do Reino de Deus está perdendo fiéis para
outras igrejas evangélicas do segmento pentecostal, tais como a Mundial do
Poder de Deus e a Assembleia de Deus. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), a doutrina evangélica é a religião que
mais cresce no país.
A instituição religiosa fundada pelo bispo Edir
Macedo teve uma baixa de quase 230 mil adeptos em comparação com o Censo
Demográfico de 2000, e passou de 2,102 milhões para 1,873 milhões --diminuição
de mais de 10,8% de seu público.
Já a Mundial do Poder de Deus, criada pelo
ex-pastor da Universal e desafeto de Edir Macedo, Valdemiro Santiago
--investigado pela Receita Federal após acusações de enriquecimento ilícito
feitas pela Rede Record, emissora que pertence à Universal--, conseguiu
arregimentar 315 mil fiéis, e pela primeira vez consta na relação de igrejas
consideradas pelo Censo.
Foto 36
de 42 - Marcha para Jesus aconteceu em 19 de maio de 2012 no Rio de Janeiro e
reuniu cerca de 100 mil evangélicos, de acordo com a PM. Em 10 anos, a
porcentagem de fiéis evangélicos passou de 15,4% da população brasileira para
22,2%, o que representa 42,3 milhões de brasileiros Luiz Roberto Lima/Futura
Press/AE
Enquanto isso, a Assembleia de Deus (que é mais
conservadora em relação às demais) aparece como a igreja que conseguiu atrair o
maior número de novos seguidores nos últimos dez anos: passou de 8,4 milhões
para 12,3 milhões, de acordo com o Censo.
Segundo o representante da Coordenação de População
e Indicadores Sociais do IBGE, Cláudio Crespo, a "transição de pessoas
entre denominações no campo evangélico" é um fato comum ao contexto
estudado, porém há outras variantes que podem explicar a queda no número de
fiéis da Universal do Reino de Deus.
"A forma como essas igrejas se comunicam com
os seus respectivos públicos, que variam de acordo com características sociais
e regionais, é fundamental para entender essa questão dos evangélicos. A
mensagem religiosa que se adequa a uma realidade específica, que envolve uma
gama significativa de população, tem chances maiores de encontrar novos
adeptos", disse.
Evangélicos crescem, catolicismo cai
Atualmente, os evangélicos somam mais de 42,3
milhões de pessoas --sendo esta a segunda religião com o maior número de
adeptos no país. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), o aumento no número de evangélicos é proporcional ao crescente
declínio da religião católica, que perdeu 9,4% de fiéis em relação ao Censo de
1991.
Ainda
assim, o catolicismo é predominante no país: são mais de 123 milhões de pessoas
(64,6% da população brasileira; até 2000 eram 73,6%). O Brasil é considerado o
maior país do mundo em números de católicos nominais.
Religião
no Brasil
de
católicos
de
evangélicos
sem
religião
de
espíritas
umbandistas
adeptos
do candomblé
Até o início da década de 90, os evangélicos
representavam apenas 9% do contingente populacional, dos quais a maioria de
origem pentecostal. Com a expansão das igrejas evangélicas pelo país e a
veiculação de programas religiosos nas emissoras de televisão, tal índice subiu
44,16%.
A maior concentração de evangélicos foi registrada
em Rondônia (33,8%), e a menor no Piauí (9,7%). A pesquisa mostra ainda que 60%
são de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos
não determinados. Os religiosos consideram que o Brasil possui a maior
concentração mundial de evangélicos de origem pentecostal.
Já em relação aos evangélicos em geral --o que
inclui o protestantismo--, o primeiro lugar do ranking é ocupado pelos Estados
Unidos, onde mais da metade da população é adepta da religião (mais de 155
milhões de pessoas).
Declínio do catolicismo
Embora o perfil religioso da população brasileira
mantenha, em 2010, a histórica maioria católica, esta religião vem perdendo
adeptos desde o primeiro Censo, realizado em 1872.
Em aproximadamente um século, a proporção de
católicos na população brasileira variou 7,9 pontos percentuais, reduzindo de
99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970. Desde então, os dados censitários do IBGE
mostram que a religião passa por uma fase de declínio: nos últimos dez anos, os
católicos passaram de 73,6% para 64,6%.
Esta redução no percentual de católicos ocorreu em
todas as regiões, mantendo-se mais elevada no Nordeste (de 79,9% para 72,2%
entre 2000 e 2010) e no Sul (de 77,4% para 70,1%). A maior redução ocorreu no
Norte, de 71,3% para 60,6%, ao passo que os evangélicos, nessa região,
aumentaram sua representatividade de 19,8% para 28,5%.
O menor percentual de católicos foi encontrado no
Estado do Rio de Janeiro: 45,8% em 2010. O maior percentual pertence ao Piauí,
com 85,1%.
Fonte: Uol